Digite o que procura
03/10/2023
Atlas da Meliponicultura no Brasil reúne 93 espécies com maior potencial para criação em cada Estado brasileiro
Para celebrar o Dia Nacional da Abelha, 3 de outubro, a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) lança o Atlas da Meliponicultura do Brasil, plataforma digital reúne dados sobre 93 espécies de abelhas sem ferrão que possuem iniciativas de manejo e são mais comumente criadas em cada Estado brasileiro.
A ferramenta gratuita tem o objetivo de contribuir para o aprimoramento profissional da meliponicultura, a atividade de criação de abelhas sem ferrão, e para que o entusiasta dê o pontapé inicial na atividade, que pode ser geradora de emprego e renda para muitas famílias.
O Atlas é uma evolução do Mapa de Espécies Criadas por Estado, um sistema mais simples até então disponível no site da A.B.EL.H.A. e que foi atualizado com mais espécies de abelhas e ganhou um painel dinâmico e interativo. Mesmo com menos recursos e informações, o Mapa já era uma das páginas mais visitadas do site.
Resultado de um amplo trabalho de pesquisa e curadoria, o Atlas da Meliponicultura no Brasil está disponível no link.
O principal objetivo da plataforma é auxiliar na escolha das espécies de abelhas sem ferrão que ocorrem localmente em cada Estado, e, assim, contribuir para a tomada de decisão dos criadores.
Vale lembrar que o Atlas da Meliponicultura no Brasil não tem o objetivo de listar todas as espécies de abelhas sem ferrão com distribuição conhecida em cada Estado, mas sim aquelas que possuem iniciativas de manejo e são mais comumente criadas pelos meliponicultores.
Desenvolvimento com sustentabilidade
De acordo com a diretora-executiva da A.B.E.L.H.A., Ana Assad, o Atlas deverá, com o tempo, incorporar outros dados relevantes sobre a criação de abelhas sem ferrão. “Nosso objetivo é reunir informações que contribuam efetivamente para o dia a dia do meliponicultor no manejo de suas colônias e que, desta forma, a atividade se fortaleça ainda mais em todo o Brasil. O potencial para isso é imenso e queremos fazer parte do processo”.
Assad aponta ainda que o Atlas pode ser útil para agricultores identificarem espécies de abelhas sem ferrão que podem ser atraídas aos cultivos para elevar a produtividade por meio do serviço de polinização. “Hoje sabemos, por exemplo, que a presença de abelhas na florada do café arábica pode aumentar a produção de grãos em até 30%.”
Como funciona
Para a apresentação da distribuição geográfica nos Estados brasileiros, foram usadas duas fontes de informação: o Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão, publicado pelo ICMBio, e o Catálogo de Abelhas Moure (entenda a diferença entre ambas abaixo). Após a escolha da fonte desejada para conhecer os Estados de ocorrência (ICMBio, Catálogo de Abelhas Moure ou ambas), a consulta pode ser feita pelo nome científico ou popular das espécies de abelhas sem ferrão, mas também por Estado ou região do País.
Cada Estado no painel é clicável e, ao clicar, é apresentada a lista com as espécies de abelhas sem ferrão selecionadas, com seu nome científico e popular. Como os nomes populares variam entre as regiões brasileiras, foram apresentados mais de um nome para algumas das espécies, com base no Catálogo de Abelhas Moure, maior fonte taxonômica de abelhas do Brasil e da região Neotropical, e no e-book Abelhas sem ferrão relevantes para a meliponicultura no Brasil.
Cada espécie tem também um link para a página correspondente no Sistema de Informação Científica sobre Abelhas Neotropicais, onde poderão ser exploradas mais informações sobre a espécie, a exemplo de plantas que usam para a coleta de pólen e néctar, trabalhos científicos sobre sua biologia e seu comportamento e imagens que auxiliam no reconhecimento e identificação. O Sistema integra a plataforma de dados científicos infoA.B.E.L.H.A., desenvolvida pela A.B.E.L.H.A. em parceria com o Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA).
Por dentro do Atlas da Meliponicultura no Brasil
Seleção das abelhas sem ferrão - As 93 espécies apresentadas na plataforma foram selecionadas do Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão, publicado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) por meio da Portaria nº 665/2021, que disponibiliza uma lista com quase 100 espécies manejadas no Brasil.
Essa lista de espécies foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores, que primeiramente definiram três categorias de classificação: (1) espécies não manejadas; (2) espécies com manejo rústico; e (3) espécies com manejo avançado. Com base nos critérios definidos para as categorias e consulta a especialistas com conhecimento em manejo de abelhas sem ferrão, os pesquisadores chegaram às espécies presentes no Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão, que correspondem àquelas classificadas nas categorias 2 e 3.
Distribuição geográfica nos Estados - Para a apresentação da distribuição geográfica de cada espécie nos Estados brasileiros, foram usadas duas fontes de informação: o Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão, publicado pelo ICMBio, e o Catálogo de Abelhas Moure, atualizado para Meliponini ‒ tribo que inclui as abelhas sem ferrão ‒ em julho de 2023. Para Tetragona quadrangula também foi consultada a Portaria CFB/SP - 4/2021 para a inclusão do Estado de São Paulo na distribuição geográfica indicada no Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão.
Por que algumas espécies não estão presentes nos dois catálogos? - Na plataforma, é possível escolher a fonte desejada para conhecer os Estados de ocorrência, se ICMBio ou Catálogo de Abelhas Moure, ou optar por ambas. É importante considerar que, ao comparar as duas fontes de informação, para algumas espécies não há correspondência total dos Estados de ocorrência.
Uma das explicações está relacionada à metodologia usada, que difere entre as fontes: enquanto a base de informações do Catálogo de Abelhas Moure são publicações taxonômicas, ou seja, dados de identificação, descrição e classificação dos insetos disponíveis na literatura, a do Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão foi uma compilação de registros de ocorrência que constavam no Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE) e na base de dados do speciesLink (do Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA), assim como da consulta de especialistas e publicações científicas.
Também foi realizada uma consulta pública para aumentar a abrangência do levantamento. Contudo, apenas as informações que tinham referências em publicações técnico-científicas e coleções biológicas foram incluídas pelo ICMBio no Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão.
Por fim, cabe ressaltar também que a distribuição geográfica das espécies apresenta limitações, pois representa o conhecimento obtido por levantamentos de informações de uma parcela da comunidade de especialistas em abelhas sem ferrão, espécimes depositados em coleções biológicas e publicações científicas sobre o assunto. Além disso, nem todos os dados de coleções biológicas estão disponíveis como uma base de dados informatizada e existem informações taxonômicas ainda não publicadas na literatura, o que dificulta a incorporação nos catálogos. O conhecimento sobre a ocorrência das espécies será aprimorado à medida que sejam avançadas as pesquisas sobre a taxonomia e distribuição geográfica das espécies-chave para a meliponicultura.
Descubra o Atlas da Meliponicultura do Brasil.
Para mais informações sobre a seleção das espécies listadas no Catálogo Nacional de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão e a definição da distribuição geográfica, consulte o capítulo Conservação e distribuição de Abelhas-Nativas-Sem-Ferrão (ANSF): desenvolvimento e importância do Catálogo Nacional dos Estados de Ocorrência das ANSF presente no e-book Abelhas sem ferrão relevantes para a meliponicultura no Brasil.
Para conhecer quais são as 251 espécies de abelhas sem ferrão descritas atualmente para o Brasil, consulte o Catálogo de Abelhas Moure.
Se você tem interesse em iniciar a atividade de meliponicultura, conheça outros materiais da A.B.E.L.H.A. que podem ajudar a montar o seu negócio:
Para o básico sobre as espécies de abelhas nativas sem ferrão, acesse o canal Tudo sobre Abelhas no nosso site.
Curso de Meliponicultura Embrapa/A.B.E.L.H.A.
Site E-campo e no canal da Embrapa Meio Ambiente no YouTube, com linguagem acessível, rico em imagens e demonstrações práticas. O curso é idealizado e ministrado por Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente na área de abelhas e polinização, e também membro do comitê científico da A.B.E.L.H.A..
Vídeos complementares:
Como criar abelhas sem ferrão Link
Fichas Catalográficas Link
E-book Abelhas sem ferrão relevantes para a meliponicultura no Brasil Link
Árvores Nativas para as Abelhas Link
O amplo comércio de colmeias de abelhas sem ferrão pode introduzi-las em lugares novos e ameaçar espécies Link
Podcasts
A ciência do mel Link
Cadastro de colmeias na Defesa Agropecuária: Por que fazer? Link
Sobre a A.B.E.L.H.A. - A Associação Brasileira de Estudos das Abelhas tem o objetivo de liderar a criação de uma rede em prol da conservação de abelhas e outros polinizadores. Sua missão é reunir, produzir e divulgar informações, com base científica, que visem à conservação da biodiversidade brasileira e à convivência harmônica e sustentável da agricultura com as abelhas e outros polinizadores.
Site A.B.E.L.H.A.