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24/02/2021
A Agricultura 4.0, que abrange o uso de tecnologias digitais de ponta nos agronegócios, tem provocado novos movimentos na produção rural brasileira. A atração de profissionais altamente especializados, o crescimento da demanda por recursos agrotecnológicos aplicados a diversas fases da produção e busca pelo equilíbrio entre o aumento de produção e a sustentabilidade são os principais impulsionadores das inovações no campo atualmente.
"Os investimentos em qualificação da mão de obra e das condições de trabalho, gerados pela implantação de recursos tecnológicos na produção agrícola, levam à atração e à retenção dos jovens talentos no campo. As oportunidades profissionais de alta especialização criadas nessas áreas têm, inclusive, provocado um fluxo inverso ao do êxodo rural dos anos 1970. Hoje, muitos profissionais deixam as grandes cidades para trabalhar no interior, apostando no crescimento irrefreável do agronegócio", aponta Carlos Eduardo Chicaroni, gerente de IoT & IoC Solutions da green4T.
Esses profissionais se deparam com um dos maiores desafios da produção agropecuária mundial: o equilíbrio entre o aumento da demanda e a redução do impacto ambiental. Neste contexto, estratégias de gestão e produção baseadas em tecnologia podem contribuir para mitigar os danos ao meio ambiente, segundo o especialista.
"Para isso, o agronegócio precisa investir cada vez mais em tecnologia e em processamento de dados. Um sistema altamente integrado com base em IoT [internet of things ou internet das coisas], por exemplo, demanda uma robusta infraestrutura de TI para processar e integrar os dados gerados pelas máquinas com informações extraídas de outras fontes, como satélites meteorológicos. A partir desse grande volume de dados, ou seja, com base em big data, empresas e produtores podem ter uma visão mais ampla e precisa dos seus negócios, levando à gestão mais eficiente e sustentável", relata.
Chiaroni ressalta que o Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o rendimento em quilos por hectare plantado no país cresceu em todas as principais culturas entre 2006 e 2017. No entanto, houve aumento do índice de desmatamento neste período, já que a demanda não foi acompanhada pela área agricultável.
Dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, do projeto Mapbiomas, que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia no monitoramento das áreas desmatadas, também comprovam este impacto ambiental negativo. A agropecuária foi responsável por 90% do desmatamento no Brasil desde 1985 e, somente em 2019, 1,2 milhão de hectares (equivalente a oito vezes a área da cidade de São Paulo) foram desmatados, de acordo com o relatório.
"A Agricultura 4.0 oferece uma solução para esse problema. Há bons exemplos pelo mundo, como nos Países Baixos, que se tornaram o segundo maior exportador agrícola do mundo com apenas 10 mil km² de área agricultável, apostando na especialização tecnológica para tornar as fazendas mais eficientes e ambientalmente amigáveis", afirma Chiaroni.
Já para aplicar essas inovações em um país de dimensões continentais como o Brasil, um dos principais caminhos é a implementação de edge computing, ou seja, computação de borda, que possibilita o processamento de dados próximo a fonte ou local onde é mais necessário.
"A combinação da atração de profissionais especializados em tecnologia com a adoção de recursos tecnológicos avançados é um caminho viável para o agronegócio brasileiro, a fim de mantermos o protagonismo mundial na produção rural e, ao mesmo tempo, promovermos a sustentabilidade no campo sem comprometer a eficiência produtiva", finaliza.
Fonte: Máquina Cohn & Wolfe