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19/04/2012
É perturbador saber que cerca de 900 milhões de pessoas se encontram famintas ou subnutridas. São também impressionantes os fatos de que a população mundial de 7,1 bilhões alcançará 9,1 bilhões no ano de 2050, correspondendo a um aumento de 43% em 42 anos, e que a oferta de alimentos vai ter que atingir quantidades bem superiores às atuais para atender a essa demanda. Diante desse quadro, a pressão sobre a agricultura para se produzir mais alimentos e de forma sustentável é enorme.A fome não é fato novo na história mundial. O risco de o crescimento populacional não ser acompanhado pelo aumento da produção de alimentos foi estudado pelo economista inglês Thomas Robert Malthus (1768-1834) há aproximadamente 200 anos.
As ousadas previsões de Malthus não se concretizaram até o presente comente em virtude do surgimento de novas fronteiras agrícolas e da inclusão de novas tecnologias ao sistema produtivo. Neste terceiro milênio, mais uma vez faz-se necessário o desenvolvimento de novas tecnologias para ajudar a agricultura a produzir alimentos de forma sustentável e socialmente responsável.Um exemplo disso é a prática da Agricultura de Precisão, caracterizada pela aplicação de forma variada de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros insumos, conforme as necessidade das diversas áreas da uma mesma lavoura.
A Agricultura de Precisão se refere ao gerenciamento localizado de culturas e foi introduzida como prática em prol da produtividade. A tecnologia surgiu da observação de que os requisitos para aplicação de calcário variavam bastante para um mesmo talhão e que seria importante a aplicação diferenciada no campo, de forma que o calcário pudesse satisfazer a necessidade de cada local.
Este conceito, embora tenha sido utilizado por algum tempo, foi abandonado quando os equipamentos de tração mecânica passaram a predominar na agricultura. Hoje com a disponibilidade de microcomputadores, sensores e sistemas de rastreamento terrestres ou via satélites, a Agricultura de Precisão passou a ser comum em muitas lavouras, contribuindo para a sustentabilidade da agricultura.
Com o aparecimento de sistemas de informações geográficas e de rastreamento via satélite, o conceito de gerenciamento localizado de culturas pode ser estendido para o monitoramento de outras operações que não necessariamente aquelas de aplicações localizadas de insumos, mas também para o levantamento de mapas de fertilidade de solos, o monitoramento de colheitas, ou de outras operações mecanizadas. Hoje pode-se definir a Agricultura de Precisão como um conjunto de técnicas que permitem o gerenciamento localizado de culturas. Uma outra tecnologia que muito tem contribuído para a sustentabilidade na agricultura é o Melhoramento Genético.
O Melhoramento é a arte, ciência e negócio de alteração genética das plantas para benefício do homem. Esta tecnologia tem desenvolvido variedades mais tolerantes aos diferentes estresses bióticos que afetam as lavouras como pragas, doenças, secas, elevados níveis de alumínio toxico no solo, dentre outras, que exigem menor aplicação de insumos. As variedades melhoradas mais produtivas também tem sido apontadas como fator de sustentabilidade da agricultura, pois permitem que uma mesma produção seja obtida em menor área, reduzindo a pressão pela adição de novas áreas ao sistema de produção agrícola.
Outras tecnologias estão sendo aprimoradas e a expectativa é que elas terão cada vez maior relevância na agricultura. Dentre estas pode-se citar a nanotecnologia, biotecnologia entre várias outras. Embora os desafios para se alimentar o mundo sejam enormes as perspectivas são ainda maiores, pois já temos tecnologias para assegurar uma agricultura eficiente e ecologicamente responsável.
Fonte: Aluízio Borém é membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável – CCAS
Fonte: Aluízio Borém é membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável – CCAS