Quando poderíamos pensar que há 42 anos, nos longínquos anos 70, nem se pensava em dizer que poderíamos produzir no Mato Grosso, na região Centro-Oeste, por exemplo. No passado tínhamos incentivo do governo para desmatar, hoje temos programas de redução de emissão de carbono e preservação de reservas legais (estes ainda por vir) onde o plantio direto auxilia na redução de emissões de carbono na atmosfera. Como poderíamos imaginar que no passado, se gastava 5.000 litros de água para produzir 1 quilo de arroz e hoje se gasta no máximo 1.000 litros de água? Será que ainda podemos ser questionados que o Brasil não tem tecnologia? Ou será que devemos melhorar nossa comunicação e ficarmos mais próximos das cidades? Essa é uma pergunta feita todos os dias por amigos em reuniões e conversas.
Será que não teríamos uma resposta para este antagonismo entre campo e cidades? Pois lhes digo: o marketing agro precisa melhorar muito, sua comunicação com nossos “agrocidadãos”. Investimentos são necessários, a dicotomia entre fábrica ou produtor com cliente ou urbanóide definitivamente precisa acabar. Mas o que essa dicotomia gera para agricultura? Desconfiança do cidadão dos grandes centros, que os produtos do campo não têm qualidade, que o produtor rural somente reclama da falta de recurso, a famosa "choradeira".
Acredito fielmente que podemos dar um salto em conhecimento e marketing para aproximar fornecedor e cliente: esse é nosso desafio. As porteiras para o Brasil estão abertas. Em 2011 as exportações brasileiras alcançaram US$ 94,6 bilhões, se não existíssemos, o Brasil teria um déficit de pelo menos US$ 50 bilhões em sua balança comercial. O fato é notório, o agro ajuda, e muito a carregar o país, tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista de preservação ambiental. Temos erros? Claro, é evidente.
Estamos em busca de melhorias? Sempre, nossos agricultores nunca desistem, são heróis. Mas não podemos perder as oportunidades, exportamos para mais de 190 países e podemos crescer ainda mais. No entanto, nem tudo é festa, temos problemas crônicos como logística, governança, falta de atenção do governo para agro, um ministério que foi forte e hoje passa por dificuldades.O produtor precisa de recursos, mas ao mesmo tempo precisa de tecnologia de ponta. Não podemos ficar para trás de nossos concorrentes, a burocracia é inimiga dos países em desenvolvimento. Enfim, as porteiras ainda estão abertas, para não dizer escancaradas.
Que nós saibamos aproveitá-las com muita sabedoria. Novos desafios virão para fechá-las, necessitamos ser vorazes e audaciosos, pois o melhor ainda está por vir.* Por José Annes Marinho é Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – Andef