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12/09/2022
A biotecnologia é um ramo da ciência que ganhou bastante destaque nos últimos anos por causa da pandemia de coronavírus. É o ramo responsável pela produção de vacinas, mas não somente isso. Os cientistas desta área também desenvolvem soluções para combate de pragas nas lavouras, aperfeiçoamento na produção de alimentos, entre outros. No Brasil, a empresa de biotecnologia BioGrowth iniciou em maio deste ano uma pesquisa para produção da coenzima Q10 a partir da cana-de-açúcar.
Substância com propriedade antioxidante, a coenzima Q10 é fundamental para a produção de energia nas mitocôndrias das células, sem a qual o organismo não consegue funcionar. É produzida naturalmente pelo corpo humano e pode ser obtida também por meio da ingestão de certos alimentos. No entanto, há situações em que se faz necessário a reposição por meio de suplementos. É recomendada para indivíduos que possuem problemas cardíacos, musculares ou que praticam exercícios físicos.
Segundo o Diretor de Operações da BioGrowth, Ivo Rischbieter Junior, a coenzima Q10 existente no mercado é extraída por meio de outros processos e o Brasil precisa importar. Com o desenvolvimento e produção local a tendência é que o preço de medicamentos e suplementos à base da substância se tornem mais baratos e o risco de escassez diminua bastante, já que a cana-de-açúcar é o que não falta no Brasil.
“Estamos muito confiantes porque a biofermentação bacteriana é um processo que dominamos totalmente. Com esse Know-How produziremos coenzima Q10 de alta qualidade para o mercado nacional e até mesmo para exportação ou licenciamento para produção em outros laboratórios”, comenta o executivo da BioGrowth.
Além da pesquisa ser conduzida por uma empresa privada, outra novidade é que seu financiamento não envolve recursos públicos. Todo o dinheiro é proveniente de investidores privados por meio de uma operação de captação comandada pela Hurst Capital. Funciona da seguinte forma: a BioGrowth cedeu royalties de seu estudo por meio de uma operação conhecida como equity crowdfunding, regulamentada pela Resolução 88 da CVM.
Cada investidor interessado pode aportar qualquer valor a partir de R$ 5 mil. A operação terá duração de 43 meses e a rentabilidade prevista é de 29,18% a.a. no cenário base. A projeção mais otimista é de retorno do 44,01% e a mais pessimista 19,92%. Além da rentabilidade, os investidores, dentro do prazo estipulado, serão proprietários do protocolo de produção que está sendo criado. Assim, eles terão direito a tudo o que gerar receita, como o licenciamento para indústrias farmacêuticas do Brasil e do exterior.
É uma operação que deve mudar paradigmas quando o assunto é financiar trabalhos científicos. Hoje, praticamente toda a pesquisa brasileira é financiada com recursos públicos. O problema é que o Estado sozinho não consegue suprir os trabalhos científicos de empresas, universidades e demais instituições. Em tempos de crise econômica, como o atual, o que se vê é corte de gastos e cientistas brasileiros buscando oportunidades em outros países. “É a primeira vez que adotamos esse modelo para captação de recursos e sei que se trata de uma operação inédita no Brasil. Ela conta com a inteligência de estruturação da Hurst e faz todo sentido para nós”, afirma Ivo Rischbieter Junior.
Segundo Arthur Farache, CEO da Hurst, a parceria com a BioGrowth é apenas o início de um projeto maior. O objetivo é montar um time especializado para originar operações de investimento em pesquisa científica, mitigando principalmente os riscos de mercado. Ou seja, apenas aprovar projetos que tenham viabilidade econômica clara e direta para que o investidor tenha seu dinheiro de volta. Dessa forma o poder público ficará responsável apenas pelo financiamento de projetos de mais longo prazo, geralmente mais ligados à ciência pura.
“Queremos ser a ponte entre o capital e os ativos ligados à ciência, arte e tecnologia. Com essa iniciativa, nós proporcionaremos o financiamento de pesquisas científicas. Temos estudado esse tema há cerca de um ano e percebemos que a ciência no Brasil tem três problemas: (i) o financiamento público não é suficiente e deveria ser direcionado para a ciência pura, enquanto que o capital privado (que não há) deveria ser usado para a ciência aplicada; (ii) a fuga de cérebros para países em que há recursos disponíveis; e, (iii) um distanciamento entre pesquisa científica e mercado”, explica Farache.
Fonte: Compliance Comunicação