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23/09/2024
Agro brasileiro mobiliza contra Lei Antidesmatamento da UE e organizações ambientais reagem em carta a Ursula Von der Leyen
Lula assumiu a presidência em 2023 com a promessa de desmatamento zero até 2030 e, em uma tentativa de demonstrar que o compromisso é real, indicou Belém do Pará, na Amazônia, para sediar a principal conferência global sobre mudanças climáticas.
Por lá, o desmatamento está em queda, mas o Cerrado, coração do agronegócio, está indo em outra direção.
Nesta quarta (18/9), durante o Brazil Climate Summit, em Nova York, o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, disse que o Brasil está buscando financiamento internacional para formas de preservar e restaurar florestas, transformando-as em parte da solução para a crise climática global.
“Queremos que as florestas sejam vistas não como um problema, mas como uma solução importante para o clima”.
Agarrado ao fato de que resolver o problema do desmatamento já resolve grande parte do problema das emissões brasileiras, o governo Lula (PT) – com exceção do Ministério do Meio Ambiente (MMA) de Marina Silva (Rede) – tem defendido que o país siga investindo na abertura de novas fronteiras exploratórias de óleo e gás.
Inclusive, na Amazônia.
Embora o Brasil seja referência em energias renováveis, seu interesse na exploração de novas fronteiras petrolíferas – como a Margem Equatorial – levanta dúvidas entre organizações ambientais sobre como o país vai equilibrar suas credenciais climáticas para cobrar de países ricos recursos no financiamento da sua transição energética.
Por outro lado, há uma discussão sobre responsabilidades diferenciadas pelas emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta que daria ao Brasil argumentos para continuar explorando fósseis.
“Se países desenvolvidos puderam produzir combustíveis fósseis por 200 anos para serem desenvolvidos, quem deveria ser capaz de continuar a usar fósseis ou de proporcionar fósseis ao mundo enquanto diminuímos o uso desses combustíveis?”, questiona o embaixador Corrêa do Lago. Leia na cobertura de Gabriel Chiappini.
O MMA tem uma posição diferente. Também na quarta, em um evento em Brasília, a secretária de Mudança do Clima, Ana Toni, criticou uma outra agenda fóssil que tem ganhado apoio dentro do governo: o fraturamento hidráulico (fracking) para exploração de gás natural onshore.
“A gente tem que ter uma visão de longo prazo e eu não acho que fracking faz parte da nossa visão de longo prazo. Isso está muito claro. Se tivermos que investir, é investir em coisas que não temos nenhuma dúvida que vão fazer parte do futuro do Brasil. E muito menos olhar no curto prazo”.
A secretária defende que é preciso analisar, sob vários pontos de vista, o que se espera da matriz energética no longo prazo, procurando convergências entre ambientalistas, governo e setor produtivo.
Fonte: eixos