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23/09/2019
Menos de três anos após seu lançamento, em outubro de 2016, a cultivar de capim-elefante BRS Capiaçu já é cultivada em todas as regiões brasileiras e está na mira de países vizinhos da América Latina. A variedade desenvolvida pela Embrapa Gado de Leite (MG) é versátil, pode ser usada no cocho ou na forma de silagem, e seu rendimento é 30% superior ao de outras cultivares disponíveis no mercado, gerando cerca de 50 toneladas de matéria seca por hectare ao ano.
A alta produtividade da nova cultivar faz jus ao nome: “Capiaçu”, que em tupi-guarani, significa “capim grande”, podendo chegar a cinco metros de altura. Para o pesquisador Francisco Lédo, que participou do desenvolvimento da nova cultivar, “a BRS Capiaçu é o maior lançamento da história do programa de melhoramento de capim-elefante da Embrapa”. Ele destaca o fato de ela poder ser utilizada para silagem a um baixo custo.
Além disso, se adapta aos diferentes tipos de solo e tolera as variações climáticas, diminuindo os riscos na alimentação do rebanho. “A BRS Capiaçu é bastante eficiente no uso da água e é tolerante a veranicos”, diz Lédo. Essas características favorecem sua adoção em diferentes regiões do País.
Por enquanto, a cultivar foi registrada no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) apenas para uso no bioma Mata Atlântica. No entanto, há produtores utilizando o capim próximo aos biomas Caatinga, Amazônia e, principalmente, Cerrado.
O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho, informa que já estão em andamento os ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) para que seja recomendada também para uso no Cerrado. “Há ainda demanda para que o capim seja implantado em outros países da América Latina, com estudos avançados na República Dominicana”, revela Carvalho.
“A alta capacidade de produção de biomassa é o principal diferencial, no meu ponto de vista”, observa o pesquisador da Embrapa Antônio Vander Pereira, que coordenou o desenvolvimento da BRS Capiaçu. Pereira ressalta também o elevado teor de proteína da gramínea.
Utilizado para cultivo de capineiras e fornecido como picado verde, o capim apresenta maior valor nutritivo, conforme explica Mirton Morenz, outro pesquisador da instituição. “Cortado aos cinquenta dias, pode chegar a 10% de proteína bruta. Mas para a produção de silagem, é preciso que o material seja cortado com idade entre 90 e 100 dias, o que implica redução dos teores de proteína para aproximadamente 6%”. “Embora apresente menor valor nutritivo quando comparada à silagem de milho, a silagem da BRS Capiaçu é de baixo custo, sendo uma alternativa para a alimentação do rebanho leiteiro”, analisa Morenz.
Como adquirir mudas da BRS Capiaçu
Há pessoas não autorizadas que utilizam a internet para vender mudas piratas da BRS Capiaçu e o produtor corre o risco de comprar capim de qualidade inferior. A Embrapa só garante a procedência do produto quando adquirido de viveiristas credenciados. São sete os viveiristas autorizados a comercializar a cultivar no Brasil. Veja onde eles estão e o telefone para contato:
- ES – Água Doce do Norte: (27) 9-9605-8500
- MG – Lavras (Promudas): (35) 9-9817-0001/ Pará de Minas (Agromudas): (37) 9-9997-6652 / Teófilo Otoni (AGS): (33): 9-9110-0172
- RS – Santa Cruz do Sul (Afubra): (51) 9-9812-4641
- SP – São José dos Campos (Mater Genética): (12) 9-8820-6224 / Vargem Grande do Sul (Recando da Prainha): (19) 9-9267-0498
Tecnologia democrática
O pesquisador Antonio Vander Pereira explica que o custo elevado da silagem de milho é o que a torna inacessível a muitos produtores. Por outro lado, o custo viável da BRS Capiaçu a faz atender grandes e pequenos produtores. “Podemos dizer que acertamos em cheio com a cutivar que é, no mínimo, 30% mais produtiva do que as outras variedades e a chave do seu sucesso é a versatilidade”, afirma Pereira.
Mas esse sucesso tem cobrado um preço: a pirataria. Por ser de propagação vegetativa (reprodução assexuada feita por meio do plantio de pequenas estacas do caule da planta), o produto tem sido pirateado com facilidade. Viveiristas não cadastrados pela Embrapa têm anunciado o produto em sites de vendas online. “Em condições assim, não há certeza de que o comprador está adquirindo o produto correto”, adverte o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Gado de Leite, Bruno Carvalho. Ele ratifica que a Embrapa só garante a procedência do produto por viveiristas credenciados. Veja no quadro abaixo no fim deste texto a relação dos viveiristas credenciados pela Embrapa.
Fonte: Embrapa Gado de Leite