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04/12/2020
Frase corrente em conversas sobre erva-mate é que esta espécie florestal apresenta quase 200 compostos de interesse em sua composição. Existem diversas formas de analisar os compostos e um estudo de doutorado utilizou a cromatografia gasosa acoplada e espectrometria de massas para colaborar nas descobertas sobre a erva-mate. Os resultados, disponíveis no Comunicado Técnico 458 (Compostos presentes em extrato metanólico de tecido foliar de erva-mate, por meio da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas) são uma inovação na literatura da espécie e podem se tornar referência para as indústrias de alimentos e bebidas, cosméticos e farmacêutica na criação de novos produtos. O estudo faz parte da tese de doutorado de Tamires Oliveira de Melo, da Universidade Federal do Paraná, e foi orientada e desenvolvida na Embrapa Florestas (Colombo, PR).
Estão presentes na erva-mate as metilxantinas, os ácidos hidroxicinâmicos e seus derivados químicos, e os flavonoides. No entanto, os compostos presentes nos tecidos foliares são numerosos e podem ser divididos em metabólitos primários e secundários, que apresentam diferentes propriedades físico-químicas.
A análise realizada busca compreender a fisiologia da planta, mas tambem fornece informações sobre a composição química das folhas de erva-mate de dois clones desenvolvidos pela Embrapa Florestas. “Este estudo proporcionou a extração de mais de 200 compostos nos extratos metanólicos do tecido foliar de erva-mate, que foram coletados em diferentes horas do dia e ao longo do ano. Destes, 96 desses compostos foram anotados e, com base nas estruturas químicas dos compostos, foram separados em 13 diferentes classes químicas”, explica Tamires Melo, autora do trabalho. O trabalho, com a metodologia de cromatografia gasosa – espectrometria de massa, listou então, compostos presentes nas classes de açúcares, açúcares álcoois e ciclitóis, açúcares ácidos, desoxiaçúcares, anidro açúcares, aminoácidos, compósitos nitrogenados, ácidos orgânicos, compostos fenólicos orgânicos fosfatados, lipídios, compostos aromáticos, e inorgânicos presentes no tecido foliar. “É importante ressaltar que existem diferentes metodologias de análise e a soma de várias delas pode ampliar o entendimento dos elementos que compõem a folha da erva-mate”, explica Fabricio Hansel, da Embrapa Florestas, que co-orientou o trabalho. “Mas, certamente, é um passo importante para que as indústrias possam entender melhor esta espécie e trabalhar no desenvolvimento de novos produtos”, completa.
“Percebemos uma nova onda de interesse na erva-mate”, explica o pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas, “com a possibilidade da criação de novos produtos com esta espécie nativa brasileira”. Por isso, a empresa tem trabalhado com diversas linhas de pesquisa para subsidiar e apoiar este novo momento da cadeia produtiva, com estudos em melhoramento genético, sistemas de produção, análise da composição química da planta, análise sensorial entre outros.
Fonte: Embrapa Florestas