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22/02/2022
Os espumantes brasileiros alcançaram impressionantes 30,3 milhões de litros comercializados no País entre os meses de janeiro e dezembro de 2021, cerca de 40% a mais que o mesmo período do ano anterior. Já as exportações atingiram cerca de 935 mil litros no mesmo período, aumento de 21% em relação a 2020, segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra). Por trás desse sucesso, está a ciência. A pesquisa agropecuária ajudou a impulsionar essa importante cadeia ao desenvolver cultivares, técnicas de manejo e de processamento e ao atuar na caracterização das regiões produtoras para a obtenção de selos de procedência.
“O papel da pesquisa é aprimorar os processos, identificar as melhores variedades e clones, ofertar mudas de qualidade, aprimorar os sistemas de manejo fitotécnico e fitossanitário (métodos utilizados para evitar a propagação de pragas e doenças nas plantações) associados ao aprimoramento da qualidade da fermentação e de envelhecimento dos espumantes”, declara o pesquisador da área de enologia da Embrapa Uva e Vinho (RS) Mauro Zanus, que há mais de 30 anos acompanha a evolução do setor.
Devido à parceria do setor produtivo com a pesquisa, o Brasil é hoje referência no Cone Sul na elaboração da bebida. “Os espumantes brasileiros se orgulham de sua própria tipicidade, com características diferenciadas dos produtos-referência com borbulhas no mundo, como o Champagne francês, o Prosecco italiano ou o Cava espanhol. Os produtos nacionais se distinguem por particularidades naturais, de solo e clima, e tecnológicas, de cultivo de uvas e de elaboração”, explica Zanus.
O pesquisador destaca a importância do papel da Embrapa em acompanhar esse processo dinâmico junto ao setor produtivo. “Estar ao lado das associações de produtores das diferentes Indicações Geográficas, estudar as melhores cultivares e identificar as regiões para a maior expressão do terroir nos produtos finais foi fundamental para atingir o nível de excelência conquistado”, complementa. O termo terroir, de origem francesa, pode ser explicado como um conjunto de vinhedos de uma mesma região, que compartilham do mesmo tipo de solo, condições climáticas, variedades de uvas e do saber fazer do produtor que originam vinhos com uma especificidade única.
Na avaliação do presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), o empresário Deunir Luis Argenta, o Brasil vitivinícola passou a ser conhecido e reconhecido no mundo todo em razão dos seus espumantes. “Únicos, diante de suas características particulares, caíram no gosto não apenas dos brasileiros, como também dos consumidores do mundo inteiro. Descomplicados, versáteis e elegantes, os espumantes brasileiros são a cara da brasilidade, da tropicalidade, atributos reverenciados pelos consumidores”, destaca.
Além dos dados de mercado, outro bom indicador são as premiações obtidas em concursos nacionais e internacionais. Segundo acompanhamento da Associação Brasileira de Enologia (ABE), em 2021, o Brasil recebeu o número recorde de 414 medalhas e, dessas, 303 foram para espumantes. Os prêmios vieram de 18 concursos realizados na Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, França, Grécia, Hungria, Inglaterra, Luxemburgo e Portugal. O maior destaque veio da Inglaterra, onde o Brasil obteve 97 prêmios em dois concursos internacionais realizados em Londres. Com esse recorde histórico de premiações, os vinhos e espumantes brasileiros chegam a 5.221 distinções (1995 a 2021).
O presidente da ABE, o enólogo André Gasperin, destaca que o espumante brasileiro é único no mundo. “A diversidade do terroir, o conhecimento e sensibilidade dos enólogos, os investimentos nos vinhedos, contribuíram para que o nosso espumante alcançasse o patamar de reconhecimento mundial”, pontua. Ele destaca que grande parte das medalhas conquistadas em 2021 veio da França, país do champagne. “Esse resultado nos orgulha e nos motiva a seguir apostando na bebida”, comemora.
Gasperin comenta que a entidade acompanha essa evolução e, diante do potencial da bebida, criou o Concurso do Espumante Brasileiro, que já está na 12a edição, e é hoje a principal vitrine do produto. Na última edição, realizada no mês de outubro de 2021, foram premiados 126 espumantes das 424 amostras avaliadas de 93 vinícolas dos estados de Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal.
Segundo a expectativa da Uvibra, o crescimento da venda de espumantes deve continuar de forma sólida e permanente. “A diversidade de terroirs, que somente o Brasil tem, e a vocação para a elaboração de espumantes nos coloca numa posição diferenciada frente aos demais produtores”, explica Argenta.
Em 2021 foi relançada a “Taça Oficial do Espumante Brasileiro (TOEB)”, desenvolvida em conjunto entre a ABE, a Embrapa Uva e Vinho e a Cristaleria Strauss.
“A taça foi desenvolvida para valorizar especialmente o espumante brut, que se destaca pela vivacidade e delicadeza de aromas”, explica Zanus, que participou da concepção, validação e lançamento da tecnologia. Além das considerações estéticas, experimentos de laboratório foram realizados para encontrar o formato ideal.
Segundo o pesquisador, trata-se de um produto no qual a técnica, aliada à pesquisa e à qualidade industrial, busca atender às expectativas do consumidor de espumantes, cada vez mais exigente em decorrência da evolução da bebida no País. “Todo esse cuidado é para permitir que a taça possa ser exclusiva e um produto único e emblemático, cumprindo seu papel de extrair todo o aroma, sabor, refrescância e originalidade do espumante brasileiro”, complementa.
Em 2022, a taça teve sua tecnologia protegida no Brasil por patente de modelo de utilidade, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Segundo Janaina Tomazoni, analista de propriedade intelectual da Gerência de Ativos da Secretaria de Inovações e Negócios (SIN) da Embrapa, esse tipo de patente é concedida a objetos de uso prático, cujas disposições construtivas produzam efeito técnico novo, como é o caso da TOEB.
Ela explica que a proteção por patente concede ao titular o direito de excluir terceiros da exploração comercial, configurando uma importante vantagem competitiva no ambiente de negócios. Por isso, a proteção intelectual é um mecanismo de agregação de valor econômico a um produto. A analista informa que esse tipo de proteção é importante para a Embrapa, visto que a inserção mercadológica do produto permite o retorno de benefícios pela captura de royalties que, por sua vez, subsidiam o desenvolvimento de novas tecnologias, alimentando o círculo virtuoso da inovação.
Uma taça à altura do conteúdo
Confeccionada artesanalmente, uma a uma, em fino cristal com 24% de chumbo (PbO) - considerado de alta pureza -, a “Taça do Espumante Brasileiro” apresenta linhas finas e elegantes e tem o padrão “A” de qualidade, o que significa que produtos com pequenos defeitos não podem ser comercializados.
Tem altura aproximada de 23,5 cm e volume de 190 ml. O fundo é pontiagudo em “V” e propicia excelente efervescência (“perlage”), enquanto o bojo sinuoso valoriza a sua manutenção. A boca estreitada concentra a liberação do aroma da bebida.
Sua venda é realizada em lojas do ramo ou diretamente no site da Strauss Cristallerie.
Considerando a grande diversidade dos espumantes brasileiros, a primeira dica dos especialistas na hora da escolha é não se prender em valores – há produtos de boa qualidade em diversas faixas de preços. Experimente a diversidade de cores e aromas e considere a preferência de sabor dos convidados, particularmente pela doçura – na escala crescente variando dos tipos Nature, Extra-Brut, Brut, Seco, Demi-Sec ou Meio-Doce e Doces. O espumante, pela sua versatilidade, pode acompanhar o cardápio desde os pratos de entrada até a sobremesa.
Para os que gostam de indicação de rótulos, uma boa recomendação é selecionar o produto entre os 126 espumantes premiados no 12º Concurso do Espumante Brasileiro, realizado pela ABE. Os produtos foram avaliados por 45 degustadores, entre enólogos, sommeliers, especialistas e jornalistas, e selecionados dentro de um universo de rótulos de vinícolas dos estados de Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, além do Distrito Federal.
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De 18 de fevereiro a 6 de março, acontece a 33ª edição da Festa da Uva, na cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. O evento é um momento de celebração da colheita e de confraternização entre produtores e comunidade, uma imersão na cultura, gastronomia, costumes e tradições.
Além dos 250 expositores de diversas áreas, o espaço onde diversas variedades de uvas ficam expostas no Parque de Exposições Mário Bernardino Ramos é um dos pontos mais visitados durante o evento. Além de conhecer a diversidade de uvas, os visitantes acompanham o resultado do concurso, que apresenta os melhores cachos de cada cultivar, e podem conferir um painel com exemplares das 21 cultivares desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil da Embrapa.
Já de 9 a 19 de junho, é realizada a Festa Nacional do Vinho (Fenavinho) na cidade de Bento Gonçalves (RS), também na Serra Gaúcha. O evento, que está ligado à história e busca a celebração de uma cultura da uva e do vinho, conta com a participação de vinícolas, a oferta de vinho encanado, desfile de carros alegóricos e atrações socioculturais.
Fonte: Embrapa Uva e Vinho