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28/01/2022
As categorias contempladas pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI) alcançaram o número de USD 245,5 milhões em exportações em 2021. No total, houve 25% de crescimento em valor, quando comparado com o fechamento de 2020 (USD 196,3 milhões). Em volume, o aumento foi significativo (27%), somando 201 mil toneladas de produtos vendidos ao exterior. A preferência se deu por alimentos mais acessíveis, com maior praticidade e tempo de validade para o consumo dentro do lar.
A contínua desvalorização do real frente ao dólar em 2021 não influenciou os resultados positivos das exportações, já que se compensa pelo alto volume de importações de insumos, especialmente da farinha de trigo. Assim, foram o esforço exportador e a alta demanda por alimentos que reverteram em aumento nas vendas internacionais. O movimento também é consequência do trabalho desenvolvido pelo projeto setorial Brazilian Biscuits, Pasta and Industrialized Breads & Cakes, mantido pela ABIMAPI em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que busca oportunidades que aproximem as empresas do segmento de seus clientes e potenciais parceiros no exterior.
O ano de 2021, assim como 2020, apresentaram obstáculos advindos da pandemia. A dificuldade de encontrar contêineres para atender os clientes estrangeiros impôs também altos valores de frete internacional.
De acordo com a Ana Ma Suss, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Araunah Foods, o crescimento da demanda na pandemia se concentrou nos mercados do Oriente Médio, que buscaram os produtos sem glúten, lactose e açúcar, para atender as necessidades locais. A expansão, no entanto, foi acompanhada pelo aumento de custos nos embarques. “O preço do frete marítimo está extremamente abusivo com aumento de quase 50% dos valores que estávamos acostumados a trabalhar. Para atender nosso cliente, conseguimos nos adaptar mesclando o modal aéreo com o marítimo”. Já a Gerente de Exportação da Vapza Alimentos, Eloelene Monzani, acrescenta que os altos custos logísticos mantiveram alguns negócios suspensos em 2021: “É uma situação mundial, portanto, as adaptações foram necessárias diante esse cenário. Aguardamos redução dos valores em 2022 para que possamos ampliar nossos negócios”.
A superação dos desafios em 2021, portanto, foi o que possibilitou o alcance de resultados tão positivos da indústria. César Reis, Diretor de Exportação da M. Dias Branco, relata diversas mudanças que promoveu para manter o acelerado ritmo de crescimento nas exportações da empresa: “Fizemos ajustes no organograma da equipe de exportação, com a criação de nova gerência de operações e concentração de todo time em nossa matriz. Priorizamos os investimentos de marketing e trade marketing na América do Sul incluindo o lançamento da marca Piraquê em alguns países da região. Além disso, mantivemos o processo contínuo de adaptação e desenvolvimento de produtos customizados para exportação”, complementa.
Já a Gerente de Exportação da Itamaraty, Nancy Gonzalez, relata estar aproveitando todas as oportunidades que o período da pandemia tem trazido para a empresa. “Pudemos abrir novos destinos e atender novos clientes para a categoria de biscoitos em países que já atendíamos, mas que mantiveram negócios suspensos em 2020. A Venezuela cresceu bastante para nós, especialmente por conta da pandemia.” A empresa destaca que fez lançamentos de produtos na categoria de wafers em 2020 que contribuíram para serem incorporados nos pedidos de clientes em 2021.
Neste cenário, o principal destino das exportações do setor, a Venezuela, quadriplicou suas compras provenientes do Brasil desde 2019. Em 3 anos, as exportações para o país saíram de 28,5 mil toneladas para 119,6 mil toneladas em volume. “Com a falta de contêineres, as exportações brasileiras para a Venezuela acabaram se destacando por oferecerem opções de transportes, como o frete rodoviário, para produtos de alta demanda da população”, explica Claudio Zanão, presidente-executivo da ABIMAPI.
DESEMPENHO POR CATEGORIA
Pães & Bolos Industrializados
As categorias movimentaram um total de USD 112,3 milhões de produtos exportados – receita de 44% a mais que em 2020 – resultante da venda de 114 mil toneladas de produtos, totalizando 30% de aumento frente ao ano anterior (71 mil toneladas).
É a primeira vez que uma categoria do setor atinge, sozinha, mais de 100 mil toneladas de exportações em apenas um ano. Entre os principais produtos estão os panetones, que superaram a margem de US$ 20 milhões e 6 mil toneladas. As vendas do produto atingiram principalmente os Estados Unidos, Peru, Paraguai, Japão e o Uruguai.
O pão de forma, por exemplo é sinônimo de praticidade e vida útil prolongada conforme investimentos das indústrias do setor. Foi um dos itens que mais cresceu na pandemia – em 2019 foram apenas 155 toneladas e em 2021 já foram quase 2,5 mil toneladas exportadas, incremento de quase 20 vezes em apenas 2 anos.
A Bauducco relata recorde histórico no faturamento de suas exportações em 2021. As exportações de panetones cresceram 20% somente para os Estados Unidos e, em média, cerca de 15% nos demais mercados. Para torradas, o crescimento foi de 55% e, para pão de forma, as vendas superaram 2.000% de aumento. “A pandemia favoreceu nossos produtos de padaria com vida útil maior se somando à nossa estratégia logística. O consumidor priorizou itens mais duráveis permanecendo mais tempo em casa. As restrições para visita a padarias e mercearias para compra de itens artesanais fizeram com que os consumidores optassem por substitutos encontrados em nossos produtos” relata o Diretor de Exportação da empresa, Edgar Matos.
Destaque também para pão de queijo e as misturas de pães e bolos, impulsionadas também pelo aumento de refeições dentro dos lares. A Maricota, dedicada às exportações de pão de queijo, obteve crescimento de 12% em 2021 frente ao ano anterior. A Gerente de Exportação da empresa, Marília Espalaor, relata melhorias em infraestrutura em um ano marcado pelas limitações em frete marítimo. “Ampliamos a câmara fria na indústria para armazenar cargas de exportação que ficam prontas e não conseguem navios ou contêineres para embarcar, oferecendo melhores condições para atender nossos clientes estrangeiros. Os investimentos nos ajudaram a fechar novos destinos, Paraguai e Uruguai, para onde começaremos a vender em 2022”, relata.
Massas Alimentícias
A categoria totalizou USD 17,6 milhões e 17 mil toneladas em volume de vendas. Em 2021 o Brasil fortaleceu particularmente as exportações de massas com ovos, registrando um aumento de 116% em volume. A Venezuela, com alto consumo per capita de macarrão e responsável por 60% das exportações brasileiras da categoria, aumentou sua demanda na ordem de 4 mil toneladas (2019/2020) para 10 mil toneladas (2021).
Muito além, as massas instantâneas, também conhecidas pela praticidade favorecidas como opções para almoço e jantar no Brasil e no mundo, dobraram nas vendas internacionais desde o início da pandemia (de 1,7 mil toneladas de 2019 para 3,1 mil toneladas de 2021). O foco do segmento é na América do Sul, com destaque para Uruguai, Paraguai, Colômbia e Argentina.
A empresa Pastifício Selmi relatou que as exportações cresceram significativamente em 2021, devido ao lançamento de produtos como a linha de massas glúten free e veggie protein, nichos de mercado em que a demanda aumenta progressivamente.
Biscoitos
Somaram USD 115,5 milhões em faturamento e 68 mil toneladas de produtos exportados, apontando crescimento em faturamento e volume de 23% e 21%, respectivamente, quando comparado ao mesmo período de 2020.
Os biscoitos são um importante balizador das vendas internacionais do setor, pois estão entre os itens historicamente mais exportados. Em 2020, a categoria sentiu o impacto da pandemia contabilizando leve retração. Por isso, a retomada do crescimento em 2021 em mercados tradicionais, como Paraguai, Argentina, Angola e Moçambique, sinalizam normalização dos negócios. Vale destacar que, depois da América do Sul, a África Subsaariana foi a maior região de destino das exportações de biscoitos brasileiros.
A Cory, que possui a tradicional marca de biscoitos para exportação Hipopó, está desenvolvendo o mercado africano há muitos anos e, recentemente, atingiu a Nigéria que possui a maior população do continente, mas ainda é apenas o 10º destino do Brasil na região. Conforme relata Arthur Jorge, trader da empresa, a Nigéria “é um mercado grande, mas com alta complexidade logística e inundado principalmente de produtos indianos, europeus e turcos. É difícil conseguir entrar devido à forte concorrência e o consumidor já estar acostumado a outras marcas. Porém, a médio prazo, tivemos pedidos regulares durante a pandemia.” Os resultados da empresa confirmam os dados do setor já que as exportações brasileiras para a Nigéria saltaram de 74 para 100 toneladas desde o início da pandemia.
Já a Pastifício Selmi, relatou lançamento de novas linhas de biscoitos - cracker de fermentação natural, o primeiro da América Latina, além da linha de integrais com cacau e aveia - que impulsionaram as vendas nos países onde já possuíam distribuição, além de abrir portas em novos mercados.
PERSPECTIVAS
Apesar dos excelentes resultados de 2021, a associação espera um crescimento mais equilibrado nas exportações, na ordem de 10% em faturamento 15% em volume, especialmente em mercados como a Venezuela, que tiveram demanda abrupta em decorrência da pandemia.
Mesmo que as atividades virtuais tenham mantido o networking global considerando os cerca de US$ 5 milhões gerados em 2021 pelo setor, a retomada de eventos presenciais a exemplo das feiras internacionais, sinaliza perspectiva de maior estabilidade no ambiente de negócios. Como exemplo, a ABIMAPI, em parceria com a ApexBrasil, participará pela 1ª vez de uma feira presencial após o início da pandemia. A feira ISM, especializada em biscoitos, doces e aperitivos, volta a ocorrer depois de 2 anos em Colônia, Alemanha, mobilizando os empresários ao reencontro presencial.
Fonte: Assessoria de Imprensa ABIMAPI