Os números finais de 2011 do agro brasileiro surpreenderam as mais otimistas projeções. As exportações cresceram 24% em relação a 2010, chegando a US$ 94,59 bilhões.
Os puxadores de dólares foram as seguintes cadeias: soja (US$ 24 bilhões), cana (US$ 16,35 bi), carnes (US$ 15,25 bi) café (US$ 8,7 bi), madeira (US$ 8,7 bi), fumo (US$ 2,9 bi), milho (US$ 2,7 bi), laranja (US$ 2,5 bi), couros (US$ 2,1 bi), algodão (US$1,95 bi) e arroz (US$ 0,6 bi), entre outras.
As exportações para os países emergentes foram as que mais cresceram, sendo 33% a mais para a Ásia, 43% para a África e 55% para a Oceania. Somente a China rendeu em exportações do agro brasileiro a incrível soma de US$ 16,51 bilhões. Pode chegar a US$ 20 bilhões em 2012.As importações do agro foram de US$ 17,08 bilhões. Chamam a atenção alguns números: US$ 2,1 bilhões em madeira e papel, US$ 2 bi em trigo, US$ 1,25 bi em tecidos e vestuário de algodão, US$ 1,1 bi em borracha natural e US$ 1 bi em diversos óleos US$ 700 milhões em frutas, US$ 605 milhões em leites e laticínios, US$ 600 milhões em aveia, centeio e cevada.
Seguem como vilões os US$ 630 milhões em couros e calçados, US$ 600 milhões em peixes, US$ 400 milhões em hortícolas, US$ 300 milhões em vinhos, US$ 300 milhões em carnes US$ 260 milhões importados em cacau e chocolates, US$ 250 milhões de arroz, US$ 40 milhões em café torrado.Uma triste novidade foram as importações de quase US$ 450 milhões de etanol, fruto dos equívocos sucessivos de políticas públicas para o setor de cana, isto sem somar as importações de gasolina feitas para suprir a lacuna de etanol.
Em todos estes produtos cabe analisar se parte destas importações podem ser competitivamente substituídas por produção nacional e quais políticas seriam necessárias.Mas a balança brasileira fechou 2011 com superávit de US$ 29,8 bilhões, e o agronegócio com US$ 77,51 bilhões.
Se o Brasil perdesse o seu negócio agro a balança viria de um saldo de US$ 29,8 bilhões para um déficit de quase US$ 48 bilhões, complicando a economia brasileira.É plenamente factível crescer 6% para se atingir US$ 100 bilhões em 2012. As projeções mais recentes do Banco Mundial indicam para 2012 um crescimento médio de 2,5%, sendo 5,4% nos países emergentes e 1,4% para os países de alta renda. O comércio mundial crescerá quase 5%.
Portanto os mercados de alimentos crescerão compensando possíveis menores preços recebidos em relação a 2011.Fora isto, a taxa de câmbio começa o ano um pouco mais favorável ao exportador e nada indica que as mudanças estruturais de distribuição de renda, urbanização e crescimento populacional na Ásia alterarão o seu curso altamente benéfico ao agro exportador brasileiro. Serão atingidos os US$ 100 bilhões em 2012.
Marcos Fava Neves é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat.