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18/06/2021
IPEN/CNEN e Nissan renovaram acordo de parceria, firmado em 2019, para o desenvolvimento de um veículo movido por Célula a Combustível de Óxido Sólido (SOFC) que gera energia elétrica a partir da utilização do bioetanol. O objetivo do trabalho em conjunto é avaliar e viabilizar diferentes componentes e torná-los adequados para uso em possíveis projetos em escala comercial. O projeto foi apresentado em coletiva virtual de imprensa, motivada pela Nissan, nesta segunda-feira, 15.
O superintendente do IPEN/CNEN, Wilson Calvo, o pesquisador responsável pelo projeto, no Instituto, Fábio Coral Fonseca, o presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da Nissan do Brasil, Airton Cousseau, e o gerente de Engenharia de Produto da montadora, Ricardo Abe, participaram da coletiva e falaram sobre o estudo da tecnologia e a nova fase do projeto.
Um dos desafios, por exemplo, é estudar a possibilidade de integrar o reformador – uma peça importante do sistema – à própria célula a combustível. Além disso, outros estudos buscam soluções para a redução do tamanho do sistema. Essa parceria da Nissan com o IPEN/CNEN está inserida no conceito da Nissan Intelligent Mobility, visão da marca para transformar a maneira como os carros são conduzidos, impulsionados e integrados na sociedade.
Caberá ao grupo de pesquisa liderado por Fonseca, do Centro de Células a Combustível e Hidrogênio (CECCO/IPEN), o desenvolvimento da célula a combustível a etanol. "Eletrificar o etanol, um combustível renovável e estratégico para o país, tem um enorme potencial no contexto das novas energias sustentáveis. Para nós, é um prazer interagir com o time de pesquisa da Nissan e poder colaborar com um desenvolvimento global da marca", afirmou o pesquisador.
"Sistema limpo”
As pesquisas e os desenvolvimentos do IPEN/CNEN na área de novas energias renováveis estão em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e com as Ações Mundiais para a redução das emissões de CO2, provenientes da queima de combustíveis fósseis. O veículo com célula a etanol produz algum nível de emissão de CO2(diferentemente do que ocorre com um carro elétrico a bateria), mas os pesquisadores afirmam que é muito mais baixo que qualquer motor a combustão, inclusive abastecido com álcool.
A tecnologia de Célula a Combustível de Óxido Sólido da Nissan conta com sistema gerador de potência que se utiliza da reação química do íon oxigênio com diversos combustíveis, incluindo o etanol e o gás natural, que são transformados em hidrogênio na célula, para gerar eletricidade. O sistema é limpo, altamente eficiente e funciona 100% com etanol ou água misturada ao etanol.
De acordo com os engenheiros da Nissan, as emissões são tão limpas quanto a atmosfera, se inserindo como parte do ciclo natural do carbono e sendo absorvido durante a plantação da cana-de-açúcar. Além disso, o veículo movido a Célula a Combustível oferece a forte aceleração e a condução silenciosa de um veículo elétrico, juntamente com baixos custos de manutenção.
O projeto global de Célula a Combustível de Óxido Sólido da Nissan faz parte do compromisso contínuo da marca para o desenvolvimento de veículos com emissões zero e novas tecnologias automotivas, incluindo sistemas de condução autônoma e conectividade.
Pioneirismo
A Nissan é a primeira empresa a desenvolver e já testar protótipos que são abastecidos com bioetanol para gerar energia elétrica para carregar uma SOFC. A utilização deste tipo de sistema combinado com a alta eficiência dos motores elétricos e o sistema de bateria garantem uma autonomia superior a 600 km com somente 30 litros de etanol. Por contar com uma ampla rede de abastecimento de bioetanol – e ser um dos principais produtores do mundo –, o Brasil tem sido peça-chave para o desenvolvimento e estudos de viabilidade do projeto.
O primeiro período de testes com o protótipo real do sistema foi realizado no Brasil entre 2016 e 2017. Dois veículos e-NV200 equipados com o sistema SOFC foram testados pela equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan do Brasil e demonstraram que a tecnologia se adapta perfeitamente ao uso cotidiano e ao combustível brasileiro, ainda mais pelo fato de o país ter infraestrutura já existente para abastecimento com etanol em todo o seu território.
Atualmente, os testes seguem em evolução conduzidos pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Nissan no Japão com constante colaboração da equipe brasileira e dos parceiros locais, como o IPEN/CNEN. "Seguimos avançando com as pesquisas e esse novo acordo é muito interessante também para o Brasil, por se encaixar perfeitamente na nossa matriz energética. Pelo conhecimento técnico das instituições brasileiras, como o IPEN, as parcerias locais são fundamentais para contribuir com a iniciativa global da marca”, disse Cousseau, presidente da Nissan Mercosul e diretor geral da Nissan do Brasil.
"Esse Acordo de Inovação firmado com a Nissan é mais uma demonstração da nossa excelência e do nosso compromisso institucional em prol da sociedade, promovendo a transformação do conhecimento científico em produtos e serviços tecnológicos de valor agregado ao mercado. O IPEN/CNEN tem a inovação em sua visão. Além disso, abriga a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo (USP/IPEN-CIETEC) que conta, atualmente, com 93 startups, consolidando um ecossistema de inovação e empreendedorismo”, complementou Calvo.
Fonte: IPEN -Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares