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15/01/2025
Para enfrentar desafios e manter a produção em alta, o produtor precisa adotar critérios que vão desde o monitoramento e controle fitossanitário até os cuidados com a reserva energética da planta
A modernização das lavouras de café é um passo fundamental para os cafeicultores brasileiros ampliarem a produtividade e a qualidade do cultivo, e manter a posição de maior produtor do mundo. No caso específico do café, a modernização é, via de regra, menos voltada para a tecnologia e mais voltada para o manejo da plantação. Para enfrentar desafios como intempéries climáticas, pragas e doenças, e garantir a produção em alta, o produtor precisa adotar critérios que vão desde o monitoramento e controle fitossanitário até os cuidados com a reserva energética da planta.
A modernização requer adotar práticas inovadoras de cultivo, afirmam os pesquisadores e consultores Rodolfo San Juan e Gustavo Pincerato, diretores da G.P.F. Pesquisa Agrícola, que participaram do Podcast Ascenza sobre o mercado de café, exibido no site da empresa, www.ascenza.com.br. Com 35 anos de carreira, San Juan comenta que a cafeicultura vem crescendo e atualmente são cerca de 2 milhões de hectares, produzindo entre 50 milhões e 60 milhões de sacas por ano.
“O café é uma cultura muito importante para o Brasil, faz parte da nossa história nos coloca como referência de pesquisa e produção no mundo todo. O cafeicultor precisa de informações para cuidar bem do seu cultivo, com todas as exigências do mercado, inclusive internacional, se for o caso, e também pensando no máximo de produtividade com a melhor qualidade”, afirma Patrícia Cesarino, Gerente de Marketing e Desenvolvimento de Mercado da Ascenza.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil tem 1,9 milhões de hectares plantados de café, que devem produzir 55 milhões de sacas, 29 sacas por hectare. A espécie arábica é a mais plantada, ocupa 1,5 milhão de hectares, com produção prevista para esta safra de 26 sacas por hectare. A conilon, da espécie canéfora, tem 380 mil hectares de plantação e vai produzir este ano estimadas 40 sacas por hectare.
De acordo com San Juan, o primeiro salto de modernização da cultura do café ocorreu em 1970, quando a ferrugem invadiu as lavouras cafeeiras do Brasil, obrigando os produtores a adotarem novas técnicas para mantê-las produzindo. Ele acrescenta que hoje os desafios são variados e exigem que a modernização continue sendo aplicada para garantir melhores resultados. Pincerato lembra que a inovação deve fazer parte do cotidiano da lavoura cafeeira.
Embora a modernização inclua investimentos, os resultados são safras maiores e melhores, apontam San Juan e Pincerato. Segundo eles, o clima é um dos principais vilões da cafeicultura, principalmente no que se refere à disponibilidade hídrica, além das pragas e doenças. Muita seca com temperatura alta, muita chuva ou geadas custam caro para o cafeicultor.
Pincerato comenta que a Região da Alta Mogiana, conhecida por sua produção de café de qualidade, tem grande dificuldade de encontrar água para a agricultura. “Com uma frequência maior, cada ano é diferente do outro, com muito calor ou muito frio”, aponta. Ele lembra que a maior parte da cafeicultura no Brasil não é irrigada e esse é um fator importante para o teto produtivo da lavoura.
O cultivo do café custa entre R$ 20 mil e R$ 25 mil por hectare. No caso de um cafezal irrigado, esse valor sobe para R$ 35 mil e até R$ 50 mil, dependendo da região. A região da Alta Mogiana tem água, mas é muito profunda, conforme Pincerato, o que exige maior investimento do produtor. San Juan acrescenta que plantas maduras têm mais facilidade para encontrar água que as lavouras mais novas.
Monitoramento
Outro desafio do cafeicultor é o monitoramento da lavoura. Pincerato aponta que, nas regiões do Sul de Minas Gerais, Alta Mogiana e Cerrado Mineiro, os produtores não monitoram tão intensamente a plantação quando comparados a outros cultivos, como de citros, milho e soja. “Sem monitoramento adequado, o produtor perde o ponto de entrada da praga e da doença na lavoura e tem uma perda maior na colheita”, alega.
De acordo com San Juan, monitoramento é importante para enfrentar novos potenciais de ataque. Ele cita que, há cinco anos, a praga atacava 5% da desfolha do café. “Hoje já vi lavoura com ataque de praga de 50% na desfolha”, afirma. Ele acrescenta que o uso da tecnologia traz benefícios para o produtor, desde que ele entenda o que é melhor para sua produção.
“Não é sair usando o que aparece de novo. É preciso avaliar o que é necessário para resolver cada problema”, comenta San Juan. Ele explica que, na cafeicultura, o monitoramento ainda é manual na maioria das propriedades. “Entre as lavouras que conheço, o monitoramento por drone não é tão efetivo quanto o manual”, alega.
Manejo
Para modernizar o parque cafeicultor, é preciso estar atento aos desafios. O aumento da temperatura verificado nos últimos anos exige revisão do manejo. “O produtor não pode ficar utilizando as mesmas quantidades de aplicação do defensivo. É preciso intercalar princípios ativos para enfrentar variantes da mesma doença”, afirma San Juan. Pincerato acrescenta que o manejo fitossanitário e nutricional interferem diretamente nos resultados das colheitas.
“Manejo é fundamental e novas pesquisas de produtos ajudam a minimizar o estresse do clima. A gestão afeta diretamente a produção”, afirma Pincerato. San Juan reforça que café é uma cultura perene regionalizada. “Há como minimizar os danos climáticos, com o manejo adequado”, diz. Pincerato defende que a rotação de princípios ativos no manejo fitossanitário, o manejo nutricional correto, o espaçamento das plantas e a variedade do café são determinantes para ampliar a média de produtividade.
“A rotatividade de princípio ativo é importante para evitar que pragas e doenças criem resistência”, alega Pincerato. Ele comenta que a Anvisa exige 81% de eficiência no combate a pragas e doenças para aprovar um novo produto, enquanto a rotatividade de princípio ativo aumenta essa eficiência para 90% e até 100%. “O manejo ideal une produtos biológicos e químicos”, afirma.
Patrícia Cesarino comenta que a Ascenza oferece em seu portfólio soluções personalizadas, desenvolvidas para atender o produtor na dimensão da sua necessidade, com flexibilidade, compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente. “É importante que o cafeicultor consiga encontrar produtos e informações conforme a realidade e a demanda do seu cultivo específico”, alega. Entre as soluções da Ascenza estão o Bordalo® Pro e Cloud® e o fungicida Azox® 250 SC, que permitem uma agricultura equilibrada e sustentável e ajudam os agricultores a produzirem mais com máxima eficiência.
Nutricional
No aspecto nutricional e fitossanitário, San Juan defende que sejam feitas oito aplicações foliares no café e, de preferência, mais uma pelo solo. Ele justifica que manter a rotina de oito aplicações representa 12% do custo do café. Mas a maioria dos produtores opta por quatro aplicações, com gasto menor, de 6% do custo. “Com menos aplicações, acabam perdendo em qualidade e produtividade. O custo é maior com mais aplicações, mas o resultado é melhor”, alega.
De acordo com San Juan, os produtores precisam manter a lavoura sem brotos excessivos, o que ajuda a suportar melhor a seca, com menos ramos para consumir água.
Foto: Rodolfo San Juan
Safra zero
San Juan também defende a safra zero para a cafeicultura nacional, tecnologia de cuidados e colheitas na qual o produtor passa um ano sem colher nada (a safra zero) para que no ano seguinte a colheita seja maior do que o normal. “Quando você passa uma colheitadeira e colhe 25 sacas de café por hectare, essa máquina provoca danos à plantação e, na safra seguinte, há uma perda de 10 sacas ou um pouco mais por hectare”, alega.
Variedades
Há duas espécies de café cultivadas no Brasil. A arábica ocupa a maior parte dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. A canéfora, robusta ou conilon, é cultivada no Sul da Bahia, no Norte do Espírito Santo e em Rondônia.
Segundo San Juan, apesar de não haver números formais, pode-se dizer que as duas variedades mais antigas da espécie arábica, desenvolvidas nos anos 40 e 50 pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), mundo novo e catuaí, representam 75% do parque cafeeiro nacional. “São variedades muito boas e produtivas, mas suscetíveis à ferrugem e ao bicho mineiro”.
Hoje outras variedades estão sendo desenvolvidas com menor sensibilidade e até imunidade à ferrugem, como arara e acauã, descendentes do híbrido timor com vila sarchi, segundo San Juan. “Há ainda variedades resistentes a alguns tipos de nematoides. Mas pesquisas sobre variedades resistentes ao bicho mineiro ainda são incipientes”, diz.
A broca continua presente nas lavouras de café e é possível controlá-la com novos produtos, que substituíram o endosulfan, retirado do mercado no início dos anos 2010. De acordo com San Juan, a broca é bem disseminada, principalmente por quem não consegue fazer uma varrição muito bem feita no café.
Foto: Gustavo Pincerato
Exportação
O Brasil é o maior exportador mundial de café. Para isso, a produção precisa ser aprovada por instituições certificadoras ligadas a empresas internacionais globais. “Europa, Ásia e América do Norte têm exigências atuais que não tinham no passado. A certificadoras exigem produtos menos agressivos na lavoura. Resíduos de inseticidas podem barrar contêineres na exportação”, comenta Pincerato. Ele acrescenta que o consumo global é mais exigente com a sustentabilidade, o que exige conhecimento maior do produtor exportador.
“Para a exportação, o manejo é ainda mais necessário, inclusive aliando o uso de defensivos biológicos com químicos sintéticos, que funcionam muito bem juntos”, alega Pincerato. Ele acrescenta que, na hora de instalar a lavoura, o produtor já precisa saber qual o seu objetivo no mercado, se vai produzir commodity para exportação, café para torrefação ou café especial.
Regiões de clima mais seco produzem melhores cafés. Regiões mais úmidas estão mais suscetíveis a fungos que podem infectar o café quando começam a amadurecer, resultando em uma bebida de qualidade inferior, o chamado café riado, que tem um valor menor no mercado.
Cafezinho do brasileiro
Segundo estimativas, o Brasil bebe 20 milhões de sacas de café por ano, lembra San Juan. A bebida mais consumida no Brasil, encontrada em supermercados, é feita por torrefações que compram um tipo de café chamado escolha, de grãos pequenos, quebrados e mal-formados. Na hora de torrar há desuniformidade. San Juan explica que os grãos maiores demoram mais para torrar e os grãos menores torram mais rapidamente, podem até queimar.
Esse café tem potencial menor de qualidade, não tem uma torrefação homogênea. “Por outro lado, o café mais homogêneo é mais caro e poucos consumidores vão aceitar pagar o dobro do preço pelo seu cafezinho diário, ainda que a onda de café gourmet seja uma tendência”, aponta San Juan.
NÚMEROS
Faturamento do café no Brasil em 2023
R$ 23 bilhões
Fonte - Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC)
Vendas por categoria no Brasil em 2023
Tradicional/Extraforte - 85%
Superior, gourmet e especiais - 6%
Cápsulas - 3%
Solúvel - 6%
Fonte - Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC)
Consumo por região
Sudeste - 41,8%
Nordeste - 26,9%
Sul - 14,7%
Norte - 8,6%
Centro-Oeste - 8%
Fonte - Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC)
Espécies mais exportadas
Janeiro a novembro de 2024
Arábica - 34 milhões de sacas, das quais 8,1 milhões de sacas são de café de qualidade superior ou certificados de práticas sustentáveis
Canéfora (conilon + robusta) - 8,7 milhões de sacas
Fonte - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
Principais importadores do café brasileiro
Janeiro a novembro de 2024
Estados Unidos - 7,4 milhões de sacas
Alemanha - 7,2 milhões de sacas
Bélgica - 4,1 milhões de sacas
Itália - 3,7 milhões de sacas
Japão 2 milhões de sacas
Fonte - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
Sobre a Ascenza
Multinacional referência nas soluções pós-patente, a Ascenza, do grupo Rovensa, atua na proteção de culturas desde 1965 com o objetivo de fornecer as melhores alternativas aos clientes, através de uma estreita relação com distribuidores, agricultores e técnicos, com a missão de ajudar a alimentar a população mundial crescente. A empresa está sempre desenvolvendo competências notáveis e inovando para apresentar as melhores soluções aos constantes desafios do mercado, com produtos de qualidade, personalizados para as diferentes lavouras. O nome Ascenza deriva da palavra latina ascendere, que significa ascender, crescer, subir, alinhado com nosso propósito de Cultivar o Futuro. Proximidade, simplicidade, agilidade e sustentabilidade são compromissos da empresa, que tem como pilares cuidar das plantas, das pessoas e do planeta. As soluções da empresa garantem uma dieta saudável e equilibrada à população mundial crescente, com respeito pelo planeta.
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Silvana Guaiume | Teia Editorial