O navio Even Given, encalhado desde terça-feira (23) no Canal de Suez (Egito) está causando um efeito dominó na logística internacional. A operação de normalização é complexa e pode levar semanas. Suez é a rota marítima mais importante no comércio entre Ásia, Oriente Médio e Europa: 80% das importações e exportações do continente passam por lá. “Sem dúvidas, a região mais afetada pelo bloqueio do canal é a Europa. Porém, isso gera um efeito dominó em toda a cadeia logística mundial, incluindo o Brasil. Com o acidente, as demais embarcações têm duas opções: esperar na crescente fila ou adicionar 15 dias na viagem contornando a África”, afirma Antônio Bonassa, professor de Logística na ESPM SP.
Para Bonassa, um dos maiores problemas será a liberação de todos os navios de forma simultânea, após a resolução do problema: “Quando as embarcações são todas liberadas ao mesmo tempo, também chegam aos seus portos de destino em tempo muito próximo umas das outras. A cadência nas partidas e nas chegadas é muito importante para a logística. Desta forma, certamente ocorrerão grandes filas para o descarregamento das mercadorias de todos os setores que realizam comércio internacional”, diz.
Outro problema logístico grave apontado por Bonassa é a escassez de navios causada pelo encalhamento: “Esse atraso no desembarque das mercadorias também irá causar um atraso nos embarques posteriores, provocando escassez de navios e contêineres. Isso afeta muito o transporte de commodities, setor no qual o Brasil é exportador. Já estamos sentindo esses efeitos na cotação dos produtos no mercado, como observado no caso do petróleo”, afirma.