Publicado na Revista Opiniões, Anuário de Sustentabilidade do Sistema Bioenergético + Guia de Compras 2024, Setembro/Outubro de 2024.
Desde o Acordo de Paris 2015, quando 195 países se comprometeram a conter o aquecimento global para evitar que a Terra esquente mais de 2°C acima dos níveis pré-industriais, a pauta é "como descarbonizar a economia".
O excesso de emissão de gases, especialmente o dióxido de carbono (CO2), na atmosfera, provoca o efeito estufa e acelera a elevação da temperatura média global. Estudiosos do assunto garantem que a temperatura média do planeta aumentou em torno de 0,5°C nos últimos 100 anos. Já estamos sentindo as consequências na “pele”. São as mudanças climáticas e o aumento dos desastres naturais.
Ninguém quer destruir a própria casa. Mas, se tudo continuar como está e o nível de emissão dos Gases do Efeito Estufa (GEE) não for contido, cientistas garantem que chegaremos ao final deste século com a temperatura da Terra maior em 4°C. Imaginem vocês os riscos para os seres humanos e outras formas de vida no planeta.
Dito isso, a pergunta é: por onde começar? É preciso ter cautela, já que a descarbonização afeta diversas áreas, entre elas, a econômica e a social. Não podemos simplesmente parar com todas as atividades produtivas. As mudanças devem acontecer paulatinamente, à medida que países e empresas desenvolvam adaptações às suas atividades e criem novas oportunidades de negócios e empregos.
Nesse sentido, acredito que o Brasil, através do setor bioenergético, está um passo à frente e pode ser exemplo para outros setores da economia. Vou explicar.
A famosa transição energética nada mais é do que a descarbonização, ou seja, a redução das emissões de CO2. Para que ela ocorra de fato, precisamos diversificar a matriz energética, substituindo fontes fósseis por fontes renováveis. Nesse sentido, os nossos biocombustíveis, principalmente o etanol e o biodiesel, desempenham um papel crucial na transição energética, pois são renováveis e de baixa emissão de carbono.
O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável feito de uma variedade de fontes, incluindo óleos vegetais (como óleo de soja). Ele serve como uma alternativa ao diesel de petróleo tradicional e pode ser usado em motores a diesel com pouca ou nenhuma modificação. Já o etanol é o biocombustível mais utilizado no mundo, podendo ser fabricado a partir de diferentes matérias-primas, sendo a principal delas a cana-de-açúcar.
O etanol e biodiesel são alternativas aos combustíveis fósseis e não só ajudam a reduzir as emissões de CO2, mas também contribuem para a diminuição da dependência de fontes de energia não renováveis.
Mas, antes de chegar às indústrias, temos de falar do campo, dos canaviais. Com a eliminação da queima da palha da cana, hoje, 97% das áreas são colhidas mecanicamente, o que também evita a emissão de CO2 e a esterilização da camada superficial do solo. A palha, que antes era queimada, é utilizada para produzir bioenergia, etanol de segunda geração, e parte dela é mantida no solo para captura de carbono e manutenção de nutrientes.
Outro compromisso do setor com a sustentabilidade é o RenovaBio, a Política Nacional de Biocombustíveis, que entrou em vigor em 2019 e já evitou a emissão de 87 milhões de toneladas de CO2, com a substituição de combustível fóssil por biocombustível. Até 2030, a promessa é que serão compensadas emissões de Gases de Efeito Estufa que correspondem ao plantio de 5 milhões de árvores.
E aí entra em cena os trabalhos para mudança de uso da terra, práticas de manejo conservacionistas e adoção de tecnologias de captura e armazenamento de carbono. Além disso, é preciso conservar e restaurar os ecossistemas que capturam e armazenam o carbono, como as matas, oceanos e solos. Nesse sentido, combater o desmatamento e as queimadas se torna igualmente essencial, uma prática que todos os elos da cadeia de cana já conhecem muito bem.
As usinas de etanol têm o potencial de promover o desenvolvimento sustentável, gerando empregos e impulsionando a economia local. Elas frequentemente utilizam tecnologias avançadas para maximizar a eficiência na produção e minimizar os resíduos, o que pode incluir a cogeração de energia elétrica a partir de subprodutos do processo de produção.
Portanto, ao fortalecer as usinas de etanol e expandir sua produção, estamos contribuindo significativamente para a transição energética, ajudando a construir um futuro mais sustentável e com menor impacto ambiental. Esse é o nosso compromisso!
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Toninho Tonielo
Presidente do Conselho de Administração da Copercana e do Grupo Toniello