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25/04/2024
Por Da redação
Agro Day Talks, realizado em Ribeirão Preto, coloca em pauta as principais tendências para o setor nos próximos anos, que foram debatidas por especialistas
Da redação
Um evento todo voltado a discutir as principais expectativas para o agronegócio brasileiro. Especialistas no setor, como empresários, políticos, jornalistas, analistas, entre outros interessados na área, se reuniram para trocar informações e experiências no Agro Day Talks, realizado no dia 7 de março em Ribeirão Preto-SP.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), nosso país precisará produzir 40% mais de alimento até 2050 para ajudar a levar comida para a mesa de mais de nove bilhões de pessoas, população estimada para o planeta neste mesmo ano.
A cada R$ 4 que o Brasil produz em riquezas, R$ 1 é proveniente do campo, ainda segundo a FAO. Referência em cultivo sustentável e geração de energia limpa, o país enfrenta, por outro lado, desafios como logística de transportes e infraestrutura de armazenagem, entre outros, além de levar conectividade a todas as propriedades e fazer as novas tecnologias de plantio, adubação, colheita e monitoramento das lavouras chegarem a todos os tipos de produtores rurais, dos pequenos aos grandes.
Convidados abordaram perspectivas otimistas e medidas a serem adotadas para que o agro não perca as oportunidades que devem aparecer
“O Agro Day Talks foi um evento criado para discussões sobre agricultura, e tentamos oferecer temas relevantes e uma plataforma valiosa para compartilhar conhecimento, promover inovação e discutir desafios enfrentados pelo setor agrícola brasileiro. Com relação ao futuro, entendo que a tecnologia irá avançar e trazer benefícios para a agricultura do país, além de fortes tendências e aprendizados para todos os participantes e envolvidos no cenário agrícola.
Para que o nosso setor continue como principal motor da economia brasileira, é fundamentas investir em diversas áreas: Infraestrutura – melhorar a infraestrutura de transporte e logística para facilitar o escoamento da produção agrícola, reduzindo custos e aumentando a competitividade no mercado internacional; Tecnologia – incentivar a adoção de tecnologias modernas no campo, como agricultura de precisão, uso de drones, inteligência artificial e biotecnologia, para aumentar a produtividade e a eficiência no uso de recursos naturais; Sustentabilidade – promover práticas agrícolas sustentáveis, que preservem o meio ambiente, a biodiversidade e os recursos naturais, garantindo a viabilidade do setor de longo prazo; Acesso a crédito – facilitar o acesso dos agricultores a linhas de crédito com condições acessíveis, para investimento em tecnologia, infraestrutura e capital de giro; Políticas públicas - implementar políticas que incentivem o desenvolvimento do agronegócio, como incentivos fiscais, desburocratização e medidas de apoio a pesquisa e inovação; e Educação e capacitação – investir na formação e capacitação de profissionais do setor agrícola, promovendo o acesso à educação técnica superior, e incentivando a inovação e empreendedorismo no campo.
Ao promover estas medidas, o Brasil pode consolidar ainda mais sua posição como um dos principais produtores agrícolas do mundo e garantir o crescimento sustentável do setor no futuro.” Julio Laure, sócio-fundador da Laure e Defina Sociedade de Advogados
“Sem dúvida alguma, o AgroTalks está se consolidando como uma excelente oportunidade de ampliarmos nosso prisma frente aos desafios do setor agro. A qualidade dos debates promovidos e as conexões que são formadas entre diversos atores da cadeia agropecuária norteiam e trazem luz a questões emblemáticas que temos pela frente.
Gostei muito de tratar sobre a pujança dos biocombustíveis. Recentemente, fui relator do projeto de Lei "Combustível do Futuro" e autor do Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética), outro projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados. A chamada "pauta verde" tem tudo a ver com o agro e abre caminhos comerciais excepcionais para o setor. Estamos diante de um novo e promissor mercado que deve alavancar nosso desenvolvimento econômico.
O Brasil tem todas as condições para ser o líder mundial da nova economia, a Economia Verde. O agro brasileiro mostra ao mundo a sua força. Temos desafios imensos pela frente, mas já compreendemos que com políticas públicas robustas, incentivo à pesquisa e inovação, com foco em produtividade e preservação ambiental, iremos manter nosso vigor e avançar cada vez mais.” Arnaldo Jardim, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara dos Deputados
“O evento trouxe, como principal objetivo, aproximar as lideranças do setor e proporcionar um networking de alto nível com informações realmente relevantes para o setor. Acredito que demos o primeiro passo em reunir diferentes tomadores de decisão em uma roda de discussão para discutir realmente o cenário do agronegócio de forma impessoal. Criamos conexões entre empresas e empresários, apresentamos stakeholders que podem ajudar o crescimento do agro e isso é o que torna o evento rico, o fato de colocar no mesmo lugar e discussões pessoas que antes não se conectavam.
Acredito que precisamos unir forças e elevar o conhecimento do setor para o público urbano. Temos um setor que move praticamente 1/3 do PIB brasileiro, 1/3 da força de trabalho e temos um agro fragilizado por falácias. Temos que aproximar o rural do urbano, criar um ecossistema de cooperação e conseguir trazer o brilho do campo para a cidade através de uma comunicação assertiva. Temos hoje poucas novas tecnologias sendo desenvolvidas para o agro por falta de interesse e incentivo. Precisamos ter mais pessoas interessadas e apaixonadas pelo setor. Isso tem que vir de nós, das empresas, dos líderes e tomadores de decisão, para garantirmos um futuro mais tecnológico.” Diogo Luchiari, sócio da Macfor
“Avalio o evento de forma muito positiva, já que reuniu um grupo relevante e com muita experiência e formação de opinião no setor. Neste sentido, o compartilhamento de ideias e alternativas agrega bastante para todos e desperta ações comuns em prol do agronegócio. No meu ponto de vista, o aspecto mais relevante abordado foi o déficit de comunicação do agro, ou seja, o seu marketing como um todo.
Claramente, é uma frente absolutamente relevante e que deveríamos focar e atuar com mais empenho e dedicação para estabelecermos uma imagem mais adequada e uniformizada dentro da comunidade e da sociedade. Afinal, está mais do que claro que o setor, em especial os produtores brasileiros, são extremamente dedicados e empenhados na sua atividade e possuem um papel muito relevante para o país, mas é preciso trazermos isso à tona de forma que a sociedade confira o devido valor a eles e a todos os demais profissionais da cadeia produtiva.
Entendo que devemos ter um reforço da já conhecida resiliência do setor, pois a cada adversidade e dificuldade, temos um aumento de profissionalização e, por consequência, uma espécie de seleção natural no mercado. Dessa forma, todos os agentes envolvidos, do mercado financeiro até os demais participantes da cadeia, também irão aprender mais sobre o setor e como ele se comporta, impactando diretamente o futuro por meio de mudanças e ajustes em seu modo de atuação. Resumindo, eu diria que precisamos de uma maior resiliência como um todo, mudanças e correções no modelo de negócio em virtude do cenário atual, além de uma demanda maior por profissionalização e alta exigência na gestão como um todo.” Alessandro Flamini, vice-presidente da Ourofino Agrociência
“A importância do Agro Day Talks para o agronegócio nacional é indiscutível. Eventos como esse reúnem líderes do setor, políticos e especialistas para discutir desafios e oportunidades, promovendo um ambiente de colaboração e inovação. Essa troca de ideias e experiências fortalece ainda mais o setor agropecuário, destacando seu papel vital na economia do país e sua capacidade de promover o desenvolvimento territorial com foco no meio ambiente, na população rural e no desenvolvimento do país como nação.
Entre as discussões do evento, o que mais chamou a atenção foi a ênfase na sustentabilidade da produção agropecuária nacional. As abordagens inovadoras e as soluções propostas para equilibrar a produtividade com a preservação ambiental foram inspiradoras. Além disso, as conversas sobre a necessidade de métricas específicas para mensurar o carbono nas cadeias produtivas mostraram um compromisso real com a responsabilidade ambiental. Para complementar, o papel dos legisladores neste processo, destacado pelo Deputado Arnaldo Jardim, deram perspectivas novas para quem não acompanha as políticas de perto.
A partir do Agro Day Talks, é possível traçar tendências promissoras para o agro num futuro breve. A esperança e a resiliência do mundo rural foram temas centrais. Espera-se um aumento significativo no investimento em tecnologia e pesquisa, visando melhorar a eficiência produtiva e reduzir quaisquer impactos ambientais negativos. Além disso, a busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para o setor devem ganhar ainda mais destaque. Fortalecer a imagem do nosso agro com dados concretos da realidade do mundo rural é fundamental não só para abrir, mas também para impedir o fechamento de mercados importadores de alimentos do Brasil.” Gustavo Spadotti, chefe geral da Embrapa Territorial
“Acredito que o Agro Day Talks seja um fórum aberto para discussões sobre o setor, sem palestras pré-organizadas. Cada painelista dá a visão sua e generalizada sobre os setores, as oportunidades e os desafios de cada um na gestão do seu negócio. O fato de trazer políticos como Arnaldo Jardim e representantes da Embrapa para o evento elevam ainda mais as discussões não somente sobre os problemas enfrentados, mas também sobre as oportunidades. Eventos como esse fortalecem a imagem do setor e buscam ter um propósito claro, que, nesse caso, é de levar a imagem do agro tecnológicos e sustentável para a sociedade em geral.
Eu gostei muito da abertura, da franqueza e da energia do público, dos patrocinadores e dos idealizadores do evento, que tiveram a coragem de sair da inércia e de fazer algo em prol do agronegócio sem ficar chorando, esperar milagres ou ajuda de setores governamentais.
Teremos um cenário desafiador para os próximos anos. Acredito que vai demorar muito para o preço das commodities, principalmente grãos, voltar aos patamares de 2020 a 2023. A receita para o agricultor de grãos será o de racionalizar custos e utilizar tecnologia para ser mais eficiente, rentável e sustentável.” Renato César Seraphim, CEO da Ciarama Máquinas
“O evento foi ótimo e contribuiu muito para o debate sobre os desafios do agro. A qualidade dos palestrantes e debatedores fez a diferença, foram maravilhosos em suas apresentações. Pena que mais uma vez falamos de nós para nós mesmos. Todos os que estavam lá são alinhados com os pensamentos expostos. O Augusto Nunes pontuou muito bem isso. Ele mostrou grande conhecimento do setor e fiquei feliz ao saber que terá um canal do YouTube voltado para o agro. A apresentação do Arnaldo Jardim foi muito proativa e contou com a parceria do Gustavo Spadotti: um na área técnica e outro na área política, contribuíram muito para dar uma visão geral dos avanços e desafios do setor.
Para mim o que mais precisa acontecer é termos uma comunicação única e eficiente do setor do agro, mostrando sua importância social, ambiental e econômica. Quando falo única, não é que as empresas e entidades vão deixar de fazer suas propagandas e divulgações particulares. O que tem que ser única é a comunicação institucional do setor, todos têm que se juntar para falar a mesma língua e passar uma mensagem uniforme. O outro problema do setor são os egos. Muitas entidades sem nenhuma interligação, mas que trabalham para o mesmo objetivo e representam a mesma classe. Falta sintonia entre as diversas entidades do agro, o que só prejudica, não ajudando neste momento tão sensível. Uma ressalva nesse processo é a coesão da Frente Parlamentar na Câmara de Deputados, que fez e continua fazendo a diferença.
Todos os eventos do agro tinham que ter gente que não pensa como a gente. Os eventos são patrocinados por empresas que podiam ampliar a sua atuação para a população comum. Fazer atividade em comunidades explicando o que é o agro. Sem falar de economia de tendências do país. Fugir da parte técnica e pensar na parte social, com o objetivo de mostrar para o grande público como se produz. Estas inciativas podem até estar associadas à distribuição de alimentos para ajudar no engajamento. Precisamos humanizar nossas ações e a nossa comunicação.” Maurílio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa
Fonte: Terra e Cia
Fonte: Terra e Cia