As pastagens brasileiras usadas para a alimentação de bovinos de corte e de leite também contam com ações de sanidade da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Cepa de fungo selecionada pelo Instituto Biológico (IB-APTA) é utilizada para controle biológico em dois milhões de hectares de pastagem, principalmente formadas por brachiaria, a forrageira mais disseminada no Brasil.
A cepa IBCB 425 é utilizada para o controle biológico da cigarrinha-das-pastagens, uma das principais pragas que acometem a cultura, principalmente, quando as pastagens são formadas por forrageiras do tipo brachiaria. As cigarrinhas-das-pastagens sugam as seivas dos capins danificando as suas folhas. Com isso, há redução na capacidade produtiva, comprometendo a alimentação dos animais, o que causa prejuízo aos pecuaristas.
O fungo selecionado pelo IB, chamado de M. anisopliae, é inimigo natural da cigarrinha-das-pastagens, por isso, consegue controlar a praga sem a necessidade do uso de produtos químicos, o que, segundo o pesquisador do IB, José Eduardo Marcondes de Almeida, reduz os custos de produção. Além disso, o controle biológico é uma tecnologia ambientalmente sustentável e não traz riscos para o aplicador.
Segundo Almeida, a cepa IBCB 425 é utilizada em pastagens de todo o País. Isso porque o fungo é usado por quase a totalidade das biofábricas brasileiras de produção de bioinsumos. "O fungo M. anisopliae e, consequentemente, a IBCB 425, é muito eficiente para o controle da cigarrinha-da-raiz da cana-de-açúcar, sendo utilizado em cerca de 1,5 milhão de hectares de cana no Brasil", afirma.
Na cana-de-açúcar, a cepa permite a redução e até 70% da incidência da cigarrinha-da-raiz, sem a necessidade de defensivos agrícolas. "Com o uso do fungo M. anisopliae, houve redução de pelo menos 30% na utilização dos inseticidas thiametoxam e imidacloprido, no controle da praga, o que traz uma economia anual aos canavicultores brasileiros de R$ 21 milhões", explica o pesquisador do Instituto Biológico.
Controle biológico
O controle biológico consiste no uso de inimigos naturais para diminuir a população de uma praga. Resumidamente, pode ser definido como natureza controlando natureza. Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores.
O IB é referência no Brasil e no mundo em controle biológico e tem forte atuação junto ao setor produtivo tendo orientado a criação e manutenção das biofábricas, que desenvolvem esses produtos biológicos para serem aplicados nas lavouras. Ao todo, mais de 80 biofábricas de todo o Brasil recebe orientação dos pesquisadores do IB. Em 2019, o Instituto assinou 23 contratos para transferência de tecnologia a essas empresas, localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná.
O Instituto mantém o Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico (Probio), que reúne as tecnologias e serviços prestados no Instituto, principalmente para as culturas da cana-de-açúcar, soja, banana, seringueira, flores, morango, feijão e hortaliças.
José Eduardo Marcondes de Almeida, pesquisador do IB
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo