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07/04/2021
O Brasil possui o maior rebanho de bovinos, com 215 milhões de cabeças. Contudo, a taxa de lotação ainda é baixa, com cerca de 1,5 cabeça/hectare, e com produtividade média de menos de dez arrobas por hectare/ano. Isso significa que o setor tem um potencial de crescimento elevado, com a possibilidade de expandir de três a cinco vezes mais, sem a necessidade de abertura de novas áreas ou de qualquer tipo de transformação no meio ambiente.
Esses dados foram fornecidos pelo engenheiro agrônomo Francisco Beduschi Neto, executivo da National Wildlife Federation (NWF) no Brasil, durante o painel Sustentabilidade e Segurança Alimentar, do Congresso Brasileiro de Direito do Agronegócio (CBDA), uma realização do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA), que reuniu virtualmente cerca de 5 mil participantes.
“Esse aumento pode ser feito com uma produção baseada no pasto, que possui ainda o potencial de acumular carbono no solo, e com a incorporação de tecnologias, com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e suas variações. Além de contribuir para suprir a demanda por alimentos no mundo, o setor ainda estaria trabalhando em prol do meio ambiente, auxiliando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, disse.
Esse movimento para crescer com produtividade e sustentabilidade é importante neste momento, pois no cenário internacional, os Estados Unidos, concorrente nesse mercado, voltaram a ter relações comerciais com a China e o país asiático está investindo fortemente para a recuperação do seu rebanho de suíno, com expectativa de normalizar a situação em 2025. Outro fator é a mudança do comportamento de consumidores e investidores, que estão mais atentos às questões ligadas ao meio ambiente e preocupados quanto a origem dos produtos e alimentos consumidos.
“No mercado financeiro, especificamente, há iniciativas para contribuir com o desenvolvimento sustentável do país, por isso estão surgindo novos mecanismos para estimular essa mudança, como os greenbonds. Há ainda casos de captação de recursos para investimento na produção sustentável. Isso sem falar no PSA (Pagamentos por Serviços Ambientais), que vai possibilitar a remuneração de produtores que buscarem ações para proteção e conservação de biomas e dos recursos naturais”, explicou Beduschi.
Em sua participação no Congresso, o engenheiro agrônomo reafirmou ainda a importância de se ter informações e dados que permitam contar a história não apenas do setor, mas da propriedade rural, uma vez que os clientes internacionais e nacionais estão em busca desse conhecimento mais detalhado. “Já recebemos muitos questionamentos em relação sobre a propriedade que produziu aquela proteína e/ou aquele couro específico. E, não apenas quem produziu, mas onde nasceu o animal que forneceu esses produtos, como essa propriedade está em termos de preservação ambiental, bem-estar animal, relacionamento social com o entorno. Por isso, a importância de medir e comunicar com eficiência, para separar o joio do trigo e dar espaço e voz para quem está produzindo de forma sustentável no Brasil.”
Ao final, o executivo da National Wildlife Federation (NWF) ponderou que se o Brasil souber aproveitar essas oportunidades, certamente será, após a pandemia, o maior fornecedor de alimentos ou o maior supermercado do mundo. “Podemos bater recorde de desenvolvimento, mas precisamos fazer nossa lição de casa, mostrando realmente o que as propriedades rurais têm feito assim como a pecuária nacional e, claro, posicionar o Brasil nessa questão”.
O painel contou ainda com a participação de Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil, Grazielle Parenti, vice-presidente Global de Relações Institucionais, Reputação e Sustentabilidade da BRF, e a advogada especialista em direito ambiental Samanta Pineda, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), e moderação de Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).
Fonte: Mecânica Comunicação Estratégica