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04/04/2019
Muçulmanos: uma comunidade que cresce a cada ano e deve chegar a 3 bilhões de pessoas no mundo até 2060 de acordo com pesquisas divulgadas, no início de abril deste ano, pela Pew Research Center . Daqui a 40 anos, aproximadamente, os cinco países com maior população muçulmana serão Índia (333 milhões), Paquistão (283,6 milhões), Nigéria (283,1), Indonésia (253,4 milhões) e Bangladesh (181,8 milhões).
Para atender o mercado muçulmano, é imprescindível respeitar 100% das normas da jurisprudência islâmica, principalmente, quando o assunto é alimento e dispor de relações diplomáticas mais alinhadas. Esta comunidade só consome produtos halal – em árabe significa lícito e autorizado (sem qualquer incidência de álcool ou carne suína) - ou seja, alimento permitido no Islã, de acordo com a regras de Deus escritas no Alcorão sagrado.
O mercado mundial de alimentos halal deverá atingir US$ 739,59 bilhões até 2025, segundo estudos da Grand View Research, Inc. Este volume se deve exatamente pelo aumento da população muçulmana e pelo acréscimo nas despesas com alimentos e bebidas. Diversos países, como Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África têm realizado iniciativas importantes para posicionar os produtos halal no mercado, proporcionado aos consumidores alimentos de qualidade e com certificações internacionais. Atualmente, cerca de 25% da população mundial compra carnes abatidas no método halal – aves e bovinos – e os maiores importadores são Árabia Saudita, Malásia, Emirados Árabes, Indonésia e Egito.
“É um mercado que o Brasil precisa prestar muita atenção.
E para que as empresas brasileiras de alimentos e produtoras de proteínas (halal) sejam mais produtivas e rentáveis, necessitamos de uma política forte, relações diplomáticas consolidadas e questões sanitárias resolvidas. Sem estas atuações assertivas, nosso mercado vai ficar engessado e haverá perdas irreparáveis”, ressalta o diretor-presidente da Cdial Halal, Ali Saifi.
E no ano passado o Brasil já teve uma retração em seu mercado. O país dispunha de 130 frigoríficos (frango) habilitados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) inclusos na lista geral de estabelecimentos exportadores. Das 130 plantas, a Arábia Saudita descredenciou 110, restando apenas 20. Em janeiro deste ano, o MAPA informou que os frigoríficos autorizados a exportar para a Arábia responderam por 63% das vendas de frango do Brasil para aquele país em 2018, o que corresponde a 437 mil toneladas. O motivo dos descredenciamentos referiu-se às questões técnicas e diplomáticas. “Precisamos retomar as negociações bilaterais. Nossas relações comerciais e diplomáticas estão totalmente enfraquecidas e isto pode resultar em muitos prejuízos para o mercado de exportação. É extremamente necessário que o Brasil crie um ambiente positivo e um programa efetivo para atender às exigências do mercado internacional. Dispomos de produtos de alta qualidade, mas os acordos bilaterais são essenciais para a sobrevivência no nosso segmento”, alerta Saifi.
O Brasil, infelizmente, perdeu market share na exportação de proteína animal Halal em 2018 quando comparado a 2017. Registrou-se uma perda de 6,87% no ano passado, atingindo 1.348.675 ton (antes 1.448.116 ton). Só para Árabia Saudita o prejuízo foi de 17,54%. “É um país muito importante para nós. O Brasil precisa desenvolver uma política de preços que atenda às necessidades desta população sem prejudicar os acordos comerciais internos. Antes, 50% de carnes – bovino e frango – que a Arábia Saudita importava, em torno de 60% a 70% era procedente do Brasil. Hoje, esta porcentagem tem reduzido em virtude da falta de relações políticas e comerciais mais próximas”, ressalta Saifi.
Mercado islâmico - De acordo com o Relatório Globo de Economia Islâmica 2018/2019 do DIEDC (Centro de Desenvolvimento Econômico Islâmico de Dubai) o consumo global halal em 2017 foi de US$ 2,1 trilhões e o segmento de alimentos halal foi o que mais consumiu, resultando em US$ 1,3 trilhão; vestuário (US$ 270 bilhões); viagem (US$ 177 bilhões), entre outros. Com quase 62% dos gastos muçulmanos globais, alimentos e bebidas halal continuaram sendo a maior despesa muçulmana e a estimativa é que até 2023 este consumo atinja US$ 1,9 trilhão.
Os maiores países consumidores de alimentos e bebidas halal em 2017 foram Indonésia (US$ 170 bilhões); Turquia (US$ 127 bilhões); Paquistão (US$ 118 bilhões); Egito (US$ 86 bilhões); Bangladesh (US$ 76 bilhões); Irã (US$ 63 bilhões); Arábia Saudita (R$ 51 bilhões); Nigéria (US% 47 bilhões ); Rússia (US$ 41 bilhões) e a Índia (US$ 38 bilhões).
As exportações halal de alimentos pelos países islâmicos totalizaram US $ 124,8 bilhões em 2017, enquanto as importações somaram US $ 191,5 bilhões - produtos vegetais (US $ 92,5 bilhões); insumos de processamento de alimentos (US $ 63,2 bilhões); e carne e animais vivos (US $ 35,9 bilhões).
Fonte: LN Comunicação