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09/11/2021
A intensificação de fenômenos climáticos causados pela elevação da temperatura global, como secas e geadas, tem afetado negativamente a produção agropecuária no Brasil e em diversos países. Para atenuar o problema, produtores apostam cada vez mais no aperfeiçoamento de sistemas de previsão meteorológica e na criação de ferramentas capazes de simular cenários para diferentes culturas agrícolas.
Com a realização da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), em andamento em Glasgow, na Escócia, o tema ganhou destaque em reunião envolvendo lideranças do agronegócio nacional na sexta-feira (05/11), em São Paulo (SP). Promovido pelo COSAG – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, presidido por Jacyr Costa Filho, o encontro teve participações de Miguel Ivan Lacerda, diretor do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia, e de Jean Pierre Ometto, chefe da divisão de Impacto, Adaptação e Vulnerabilidade do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Jacyr Costa, que também é sócio da Consultoria Agroadvice, realça a importância dos dados fornecidos pelo INMET e INPE mostrando que, na média, a quantidade de chuvas no Brasil vem se reduzido principalmente a partir de 1980. Desde então, a perda de água por evapotranspiração cresceu em uma proporção maior do que os ganhos advindos da precipitação pluviométrica.
“Considerando que os problemas da crise hídrica que atravessamos tendem a ser recorrentes, torna-se necessário o desenvolvimento de sistemas que estudem, com mais exatidão, as interações entre a atmosfera e a superfície terrestre. Esta é a prevenção estratégica para que o agro melhore a sua gestão e eficiência na produção”, observa.
Para Miguel Ivan, o Brasil, referência internacional em monitoramento e análises de dados meteorológicos, deve integrar, de forma coesa, as informações prestadas por inúmeras empresas privadas que prestam serviços desta natureza às empresas do agronegócio.
O executivo explica que a produção da soja no Brasil pode crescer em até 50% somente com um processamento mais inteligente de dados climáticos. “A expertise brasileira é uma das mais avançadas do mundo nesta área, o que explica o fato de o Serviço Oceânico Nacional dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) e a IBM usarem os nossos relatórios. O que precisamos é unificar todas essas medições. Elas estão separadas e precisam se tornar uma rede única de cooperação”, afirma.
Jean Pierre Ometto revela que o INPE vem trabalhando em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) na criação de uma plataforma chamada Adapta Brasil. O objetivo da iniciativa é definir risco de impacto climático em regiões importantes para a agricultura.
“Em uma relação de temperaturas verificadas nos períodos 1990-1995 e 2014-2019, observa-se que o Centro-Oeste tem se tornado mais quente e seco. Temos observado incidência de fogo em áreas onde, normalmente, isso não acontecia com tanta frequência, sobretudo em áreas produtivas”, explica Ometto.
Sobre a influência da agropecuária para o aquecimento das temperaturas no Brasil, o executivo do INPE, que também integra um grupo de pesquisadores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), citou um diferencial que mostra a relevância de um setor específico do agro brasileiro, o sucroenergético, responsável pela produção de biocombustíveis.
“O maior contribuinte global para a mudança na concentração de GEEs na atmosfera é a queima de combustíveis fósseis. Importantes medidas são passam pela redução das emissões de CO2 e do desmatamento, maior uso de energia renovável, incentivo à economia circular e redução da economia com base de carbono e incentivo à bioeconomia”, enfatizou.
Fonte: MediaLink Comunicação Corporativa
Fonte: MediaLink Comunicação Corporativa