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25/03/2019
A indústria de controle biológico brasileira registrou, no ano passado, um dos maiores índices de crescimento de vendas de sua história. O conjunto das empresas membros da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), que representa 70% do mercado de agente biológico comercializado no Brasil, fechou 2018 com vendas totais da ordem de R$ 464,5 milhões, resultando numa expansão de 77% sobre os R$ 262,4 milhões obtidos em 2017. Os dados são de um levantamento do Departamento de Estatística da entidade e foram divulgados em entrevista coletiva realizada na última quinta-feira (21), em São Paulo.
Para o presidente da associação, empresário Arnelo Nedel, eleito recentemente para a gestão do biênio 2019-2020, tal desempenho expressivo do segmento ganha ainda mais relevância por ser uma média. “Houve segmentos onde o aumento de vendas atingiu a espantosa marca de 148%, como no caso dos biofungicidas”, informa Nedel. Na análise do dirigente da ABCBio, o principal motivo para esse inédito aumento de vendas é a maior taxa de adoção dos agricultores por agentes biológicos contra pragas e doenças. Como o uso de defensivos biológicos ainda está numa fase de consolidação no Brasil, qualquer aumento na taxa de adoção em culturas que ocuparam grandes áreas, como por exemplo, a da soja, é suficiente para resultar em elevado volume de vendas. No exemplo da soja, cuja adoção em algumas regiões produtoras não chega a 5%, se entende a forte evolução, assim como as projeções futuras de aumento, já que a maioria ainda não se vale desse insumo.
Contribuiu também para a maior adoção de biológicos pelo produtor rural brasileiro uma ação melhor coordenada por parte das indústrias do segmento em se aproximar do produtor, oferecendo suporte, assistência técnica, sobretudo em relação as formas de aplicação de agentes que são organismos vivos que, portanto, demandam maior controle no seu manejo. Outro fator de incremento da adoção de biológicos é sua maior eficiência no controle de pragas e doenças. Há casos de agentes biológicos que já apresentam a mesma eficácia dos produtos convencionais. “O que se nota é que havia, e ainda há, uma demanda reprimida por soluções de defesa vegetal que resultem em menor impacto em termos de resíduos, principal característica dos agentes biológicos”, comenta o presidente da ABCBio.
Essa demanda reprimida ficou evidenciada em outra pesquisa feita pela ABCBio, na safra 2017-18, com 1.762 agricultores de todo o país. Uma das conclusões do levantamento foi a de que 43% dos produtores rurais disseram desconhecer os biodefensivos. De outro lado, a aceitação desse insumo por aqueles que já o utilizam é enorme, uma vez que 98% dos entrevistados que usaram defensivos biológicos na safra 2017-18, disseram que pretendiam usá-los também na próxima safra. Entre os fatores mais citados para a decisão do uso está a eficiência do controle, mencionado por 76% dos produtores ouvidos.
Outro fator que explica o excelente desempenho das vendas em 2018 foi um aumento dos lançamentos de produtos inovadores pelas indústrias de controle biológico.
Diversas novas formulações foram colocadas à disposição do produtor entre o final de 2017 e durante 2018. Algumas delas ganham espaço no pacote tecnológico de controle de pragas e doenças das lavouras por proporcionarem aumento de vida útil e, consequentemente, maior tempo de prateleira. Além disso, os novos ativos que estão chegando ao mercado possibilitam controlar diferentes pragas e doenças, alguns possuem mais de um ativo biológico num mesmo composto e há ainda os chamados agentes híbridos, que combinam ativos biológicos com ingredientes de origem química.
Por fim, o que se nota em relação a maior utilização de biodefensivos é que está havendo uma mudança na concepção do uso desses agentes biológicos. Diante dessa transformação de paradigma, a expectativa é de maior crescimento do segmento nos próximos anos. Nada menos que 96% dos produtores ouvidos pela ABCBio afirmaram que deve haver crescimento no uso desse tipo de insumo no Brasil nos próximos cinco anos. Entre os ativos biológicos mais utilizados hoje pelos agricultores brasileiros, o estudo constatou que os preferidos são: Bacillus sp (diversos tipos), baculovirus, Beauveria, Cotesia, Metarhizium, Paecilomyces, Pochonia, Trichoderma e Trichogramma. Já as principais culturas onde o insumo é aplicado são: soja, cana, café, hortaliças e frutas.
Fonte: Mecânica Comunicação Estratégica